terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Bride of Deimos: Minha Opinião Sobre a Série



Finalmente o meu volume #1 de Deimos no Hanayome – Bride of Deimos, em inglês, A Noiva de Deimos, em português – chegou. Trata-se de mais um daqueles shoujo mangá intermináveis que começaram na boa safra de 1975-1976 que nos deu Ouke no Monshou, Garasu no Kamen e Eroica, todos ainda sem terminar. O diferencial da Noiva de Deimos é que ele teve muito menos volumes, 17, e ficou parado desde 1990, e foi retomado recentemente retomado na revista Mistery Bonita da Akita Shoten. Outro diferencial é contar com dupla autoria, a arte é de Yubo Ashibe, uma arte típica dos bons shoujo dos anos 70, e o roteiro de Etsuko Ikeda.

A Noiva de Deimos se propõe a ser um misto de romance e terror, contando com muitas histórias episódicas e um fio comum a guiá-las, o amor de Deimos, o deus do medo, por Minako, que ele crê ser – pelo menos no início da história – a reencarnação de sua irmã, Vênus. Se você era fã de Sailor Moon sabe que o kanji para Vênus – o planeta e a deusa – é o mesmo de Minako. Como no volume 2 há uma história solo de Deimos e acredito que outras devam existir, afinal, ele tem pelo menos centenas de anos de vida antes de encontrar Minako.

Minako, a suposta reencarnação de Vênus, é a nossa adolescente normal de 15 anos. Uma menina bonita, cheia de vida, um tanto ingênua, e corajosa quando precisa ser.
A menina começa a ter sonhos estranhos com uma criatura assustadora – para os padrões dos shoujo mangá clássicos, claro – que se diz seu noivo e que exige que ela o aceite. Para provar sua existência, este ser primeiro deixa uma pena negra e, em seguida, começa a provocar desgraças. Os dois primeiros capítulos da série, especialmente o primeiro, quando o primo da protagonista, alvo do ciúme de Deimos tem sua namorada morta e termina sendo aprisionado por toda a eternidade dentro de um quadro de Degas, mostram bem que o deus do medo não está para brincadeiras.

Deimos é possessivo e em alguns momentos parece testar Minako. E ela não é como as mocinhas inconseqüentes dos shoujo mangá modernos. Ela não convocou o demônio para ajudá-la como em Akuma no Eros em troca de sua virgindade, tampouco se sente seduzida por Deimos, como a protagonista do recente Black Bird. Minako é não tem culpa do que está lhe acontecendo e Deimos está longe de ser o atraente galã clássico. Ele parece ser realmente mau e sem salvação. Ele tortura Minako, a persegue, se recusa a ajudar os meros mortais e tem prazer em ver a desgraça dos humanos, mas vejam só, começa a se apaixonar pela menina. E é aí que entra Vênus na história.

A deusa, irmã gêmea de Deimos, é aquela da mitologia clássica e o volume 1 nos dá um vislumbre da tragédia dos amantes. Ambos nascidos da espuma do mar, viviam no Olimpo, que no caso do mangá é uma ilha, e tornaram-se amantes. Júpiter decide castigá-los de forma exemplar pelo incesto. Talvez no futuro venhamos a descobrir que o poderoso Júpiter desejava Vênus para si. Quem sabe? Assim, ele transforma o belo Deimos em uma criatura horrenda, com garras, chifres e orelhas pontudas, confinando-o ao mundo das trevas como o “deus do medo”. A bela Vênus tem destino bem mais triste, fica presa no mundo dos mortos, seu belo corpo apodrecendo lentamente pela eternidade. Ela pede que Deimos procure pela sua reencarnação e, assim, através da jovem humana, eles poderão reviver seu amor. Se ele não a encontrar, Vênus irá desaparecer, seu corpo putrefato unindo-se ao solo do mundo dos mortos. Não há tempo a perder, portanto.

Ao que parece, o que a apodrecida Vênus deseja é se apossar do corpo da menina. Digo parece, porque estamos no primeiro volume, quando instiga Deimos a “possibilitar” a troca. Fica claro que Minako é a imagem e semelhança de Vênus, porém tem um outro coração, é uma outra pessoa. É aí que o cruel Deimos se mostra dividido, ele se nega a cumprir os desejos da irmã e salva Minako. Estaria ele apaixonado pela menina? O fato é que Vênus não perdoa a ofensa, jura se vingar de Minako, e fica evidente que ela não está tão impotente assim quanto pareceu a princípio.

A Noiva de Vênus é um mangá interessante e eu vou esquecer as resenhas americanas negativas que li, porque foram feitas por gente que ou não está inteirada do que é shoujo mangá clássico, ou não gosta do gênero. Fiz uma boa compra, olhando o volume 2 em primeiro lugar achei que a obra teria envelhecido mais que as suas contemporâneas. Enganei-me. É datado, é para fãs do “shoujo old school”, porém é palatável para quem gosta de uma boa história.

Obviamente, nada garante que o mangá será concluído no Japão e ainda mais na edição americana. O último número foi publicado em 2005. Não vi nada sobre cancelamento, mas é possível que a série não saia mais. Então, na pior das hipóteses, tenho mais cinco volumes para adquirir e, depois, posso comprar os bunkos japoneses.

A desenhista é muito boa e a roteirista mostra intimidade com as lendas japonesas que aparecem em alguns capítulos, como a lenda de Kaguya Hime, assim como a mitologia greco-romana que é relida de forma livre. Você não vai se assustar, o terror contido nos volumes 1 e 2 é bem leve para quem assistiu coisas como Ring, mas a frieza de Deimos e a dramaticidade sem excessos de humor típica dos anos 70 está lá. Você não vai correr o risco de no meio de uma situação de tensão ter o clima quebrado por uma piadinha idiota como acontece nos mangás mais contemporâneos. E isso para mim é um alívio.

Pretendo comprar os outros volumes, pois a série vale a pena. E, quem sabe, as autoras finalmente terminam a série, mais de trinta anos depois? Pergunto-me se Deimos irá se redimir, ou se arrastará Minako para o seu mundo. Com dois volumes, não dá para saber e Deimos tem se mostrado terrível o suficiente para ser capaz de qualquer coisa para enredar a “sua noiva”.

2 pessoas comentaram:

Mas o mangá não está comcluido com 17 volumes?

Não, as autoras retomaram o mangá.

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