Adoráveis Mulheres, As Filhas do Dr. March, Quatro Destinos, Mulherzinhas são todos nomes recebidos no Brasil pelo livro autobiográfico Little Women de Louisa May Alcott em suas versões em livro e cinematográficas. É um dos meus livros favoritos, daqueles que a gente lê quando menina e relê várias vezes ao longo da vida. Se tiver uma filha um dia darei este livro de presente, assim as suas continuações e Jane Eyre e o brasileiro Minha Vida de Menina. Aliás, a diferença entre a literatura do Brasil e dos EUA no século XIX é enorme. Quantos escritores ou escritoras infanto-juvenis teve o Brasil naquele século? Mesmo uma literatura mais voltada para os meninos, como é o caso de Mark Twain? Quantas das nossas crianças sabiam ler? Aliás, Jo e Meg do início do livro dificilmente seriam “little women” no Brasil, afinal, a idade média de casamento era bem mais baixa por aqui
Pois bem, sábado, entre uma pausa e outra na tarefa de escrever a minha tese (*tarefa que não cumpri muito bem, o primeiro capítulo deve ser massacrado pela minha orientadora*), assisti de novo, depois de quase 20 anos, a versão de 1949 (*sem lançamento em DVD, infelizmente*) no canal TCM. Bem, não poderia ter sido uma experiência mais agradável, pois é sempre um risco assistir um filme novamente e descobrir que ele perdeu a magia. Não aconteceu assim. E quando me livrei do capítulo, mais por conta da data que de tê-lo realmente terminado, consegui a versão de 1933 com as legendas, a versão com Catherine Hepburn que eu tanto queria assistir e que não saiu em DVD! Ah, que alegria. ^_^
As adaptações de 1949 e 1933 são excelentes, aliás, uma das roteiristas, Sarah Y. Mason, participa dos dois e por isso, acho eu, a de 1949 em alguns momentos parece um remake, e são melhores que a de 1994. Aliás, a versão de 1933 ganhou o Oscar de Melhor roteiro adaptado. Na versão de 1949, Liz Taylor – loura – é uma Amy muito crescida para ir à escola, eles inverteram as idades de Amy e Beth que é a única realmente interpretada por uma menina. A Jo de June Allyson convence, mas ela tinha mais de 30 anos quando fez o papel, Catherine Hepburn também já tinha passado bastante dos 20, verdade, mas são atrizes excelentes e até esquecemos este aspecto.
A Marmee de 1933 é a melhor, a mais expressiva. Já o Professor Bhaer nunca tem barba, o que era característica dele no livro, nem sobrinhos. Aliás, eis uma mudança significativa. Ele era um homem só, mas não era sozinho, ter que cuidar dos sobrinhos órfãos era um fator que atrapalhava ainda mais as possibilidades de romance com Jo, porque sempre cortam os meninos, eu não sei. Mas o Bhaer de 1933 é o melhor dos filmes que vi. Como o cinema era mudo até pouco tempo antes, os atores tinham que desenvolver uma expressividade de olhar e gestos que deveriam transmitir muito bem as emoções da personagem sem necessidade de palavras, muito boa atuação mesmo.
Algumas das mudanças em relação ao livro são as mesmas em ambos os filmes, por exemplo, não mostram a postura moderna da família das meninas, pois Amy sofre castigos corporais na escola e sua mãe decide que ela não irá mais, porque é contra a violência contra as crianças. Talvez tenham retirado, porque isso era motivo de controvérsia no século XX. Claro que acredito que a autora era mais avançada que as versões para o cinema, pois Jo beija o Professor Bhaer “under the umbrella” e nos filmes isto é absolutamente eliminado. Por quê?
Outra alteração, essa mais séria, é não haver salto no tempo. Brooke e Meg ficam noivos, no livro temos um salto de três anos, no filme de 1949 e de 1933, é ato contínuo. Assim, as mesmas atrizes permanecem em seus papéis, no caso da Beth de 1949, ela parece ter 12 anos por cerca de dez anos, porque realmente era uma menina. A atriz é excelente, talvez a melhor Beth, mas deveria ter sido mudada. Na versão de 1933, as atrizes são adultas ou quase. A atriz que fazia Beth – e a única que tem os gatinhos do livro – já tinha 18 anos. Neste sentido, em 1994 as coisas foram mais bem executadas, já que a mudança da atriz que faz Amy, de Kristen Dunst para Samantha Martis, deixa claro que as meninas “cresceram”. A aparência doentia de Claire Dannes não deixa sua Beth destoar muito. Mas é somente nisso que o filme de 1994 é melhor.
Enfim, a energia e bom humor das Jo de 1949 (*ela pulando a cerca e caindo, pulando de novo até acertar*) e 1933 são tão contagiantes que é uma delícia assistir as duas versões. Foi chato em 1933 terem cortado a conversa entre Marmee e Jo (*ou Jo e Meg*) nos livros sobre suas expectativas sobre o futuro das filhas, mas foi um corte menor. Não sei também porque todo mundo transforma o poema em livro, claro, sabemos que Jo é a própria Alcott, mas a Jo dos livros não é escritora de fato, ela optou pelo casamento, um casamento diferente com um papel mais ativo, mas mesmo assim, ela abre mão de uma carreira literária para se tornar a Senhora Bhaer. Talvez, seja uma homenagem a autora, mas eu gostaria muito de ver o final do livro sendo seguido mais ou menos à risca em algum filme.
Empolgada, dei de procurar informações sobre o livro. Tropecei no musical da Broadway (*e já baixei o CD com as músicas*), descobri que a primeira versão em filme foi de antes de 1917 e que o William "Capitão Kirk" Shatner foi o Prof. Bhaer na versão de 1978. Para mim é algo muito difícil de imaginar, aliás, Shatner como Bhaer me assusta. Confirmei também que Little Women teve 4 versões animadas em série, o que por si só mostra o quanto a série é popular no Japão, mas não localizei informações sobre o episódio em Super Aventuras, que foi onde conheci a obra que se tornou um dos meus livros favoritos. Conheci tanta coisa através dos animes na minha infância, que nem sei...
A última versão animada (1987) é facilmente encontrável no torrent, mas ela é enrrolação pura, quase a metade dos seus 48 episódios não está nos livros e só cobre o primeiro livro. Eu cansei no capítulo 5 e larguei. Além disso, mostra o castigo corporal que Amy sofre e não faz a crítica, de acordo com o que li, Laurie diz para Amy não contar para ninguém e agüentar firme... É um toque japonês que eu dispensaria. Esta página não fala, mas Little Women é a primeira peça encenada por Maya em Glass Mask. Ela é Beth e fica doente de verdade para fazer o papel. Daí, Little Women aparece no mangá e em toda adaptação animada e live action da série
Pois bem, achei um site ótimo e a dona ou dono é fã de anime e mangá, daí, temos a informação sobre as versões em mangá de Little Women: Yoko Kitashima (1976, 1989), Midori Misuzu (1977), Sanae Tokimatsu (1989, re-editado em 1995) e Yun Kouga (1989). Pois é, a última versão foi feita por Yun Kouga de Earthian e Loveless. Achei muito legal, embora o traço seja aquele do início de Earthian. Queria muito poder ver imagens dos outros mangás, mas não encontrei nenhuma informação sobre eles. Para ver como a série é famosa no Japão. E neste livro Little Women and the Feminist Imagination há dois capítulos sobre Little Women em anime e mangá... Queria muito comprar, mas mesmo usado é bem caro.
Ah, muita gente se confunda, porque Little Women ora é publicado em um volume, ora em dois. São de fato dois volumes, um de 1968, focando na adolescência das meninas durante a Guerra de Secessão, o sucesso foi tanto que a continuação veio em 1969. Só que na Inglaterra esse segundo volume recebeu o nome de Good Wives e chegou a sair um segundo volume com o título de Boas Esposas no Brasil. Pelo que li, a autora nunca autorizou esse título, mas ele ficou. Mulherzinhas não soa bem em português, chamar alguém de “mulherzinha” é ofensivo, quando alguém quer elogiar uma menina diz que ela é uma mocinha. Todos sabem da conotação sexual implícita, já que um garoto pode ser chamado de “rapazinho”, mais comum, ou “homenzinho” e isso não será ofensa nem deixará dúvidas. De qualquer forma, ainda é melhor que As Filhas do Dr. March, já que elas são ao longo do livro muito mais as filhas de Marmee ou da Senhora March.
Pois bem, sábado, entre uma pausa e outra na tarefa de escrever a minha tese (*tarefa que não cumpri muito bem, o primeiro capítulo deve ser massacrado pela minha orientadora*), assisti de novo, depois de quase 20 anos, a versão de 1949 (*sem lançamento em DVD, infelizmente*) no canal TCM. Bem, não poderia ter sido uma experiência mais agradável, pois é sempre um risco assistir um filme novamente e descobrir que ele perdeu a magia. Não aconteceu assim. E quando me livrei do capítulo, mais por conta da data que de tê-lo realmente terminado, consegui a versão de 1933 com as legendas, a versão com Catherine Hepburn que eu tanto queria assistir e que não saiu em DVD! Ah, que alegria. ^_^
As adaptações de 1949 e 1933 são excelentes, aliás, uma das roteiristas, Sarah Y. Mason, participa dos dois e por isso, acho eu, a de 1949 em alguns momentos parece um remake, e são melhores que a de 1994. Aliás, a versão de 1933 ganhou o Oscar de Melhor roteiro adaptado. Na versão de 1949, Liz Taylor – loura – é uma Amy muito crescida para ir à escola, eles inverteram as idades de Amy e Beth que é a única realmente interpretada por uma menina. A Jo de June Allyson convence, mas ela tinha mais de 30 anos quando fez o papel, Catherine Hepburn também já tinha passado bastante dos 20, verdade, mas são atrizes excelentes e até esquecemos este aspecto.
A Marmee de 1933 é a melhor, a mais expressiva. Já o Professor Bhaer nunca tem barba, o que era característica dele no livro, nem sobrinhos. Aliás, eis uma mudança significativa. Ele era um homem só, mas não era sozinho, ter que cuidar dos sobrinhos órfãos era um fator que atrapalhava ainda mais as possibilidades de romance com Jo, porque sempre cortam os meninos, eu não sei. Mas o Bhaer de 1933 é o melhor dos filmes que vi. Como o cinema era mudo até pouco tempo antes, os atores tinham que desenvolver uma expressividade de olhar e gestos que deveriam transmitir muito bem as emoções da personagem sem necessidade de palavras, muito boa atuação mesmo.
Algumas das mudanças em relação ao livro são as mesmas em ambos os filmes, por exemplo, não mostram a postura moderna da família das meninas, pois Amy sofre castigos corporais na escola e sua mãe decide que ela não irá mais, porque é contra a violência contra as crianças. Talvez tenham retirado, porque isso era motivo de controvérsia no século XX. Claro que acredito que a autora era mais avançada que as versões para o cinema, pois Jo beija o Professor Bhaer “under the umbrella” e nos filmes isto é absolutamente eliminado. Por quê?
Outra alteração, essa mais séria, é não haver salto no tempo. Brooke e Meg ficam noivos, no livro temos um salto de três anos, no filme de 1949 e de 1933, é ato contínuo. Assim, as mesmas atrizes permanecem em seus papéis, no caso da Beth de 1949, ela parece ter 12 anos por cerca de dez anos, porque realmente era uma menina. A atriz é excelente, talvez a melhor Beth, mas deveria ter sido mudada. Na versão de 1933, as atrizes são adultas ou quase. A atriz que fazia Beth – e a única que tem os gatinhos do livro – já tinha 18 anos. Neste sentido, em 1994 as coisas foram mais bem executadas, já que a mudança da atriz que faz Amy, de Kristen Dunst para Samantha Martis, deixa claro que as meninas “cresceram”. A aparência doentia de Claire Dannes não deixa sua Beth destoar muito. Mas é somente nisso que o filme de 1994 é melhor.
Enfim, a energia e bom humor das Jo de 1949 (*ela pulando a cerca e caindo, pulando de novo até acertar*) e 1933 são tão contagiantes que é uma delícia assistir as duas versões. Foi chato em 1933 terem cortado a conversa entre Marmee e Jo (*ou Jo e Meg*) nos livros sobre suas expectativas sobre o futuro das filhas, mas foi um corte menor. Não sei também porque todo mundo transforma o poema em livro, claro, sabemos que Jo é a própria Alcott, mas a Jo dos livros não é escritora de fato, ela optou pelo casamento, um casamento diferente com um papel mais ativo, mas mesmo assim, ela abre mão de uma carreira literária para se tornar a Senhora Bhaer. Talvez, seja uma homenagem a autora, mas eu gostaria muito de ver o final do livro sendo seguido mais ou menos à risca em algum filme.
Empolgada, dei de procurar informações sobre o livro. Tropecei no musical da Broadway (*e já baixei o CD com as músicas*), descobri que a primeira versão em filme foi de antes de 1917 e que o William "Capitão Kirk" Shatner foi o Prof. Bhaer na versão de 1978. Para mim é algo muito difícil de imaginar, aliás, Shatner como Bhaer me assusta. Confirmei também que Little Women teve 4 versões animadas em série, o que por si só mostra o quanto a série é popular no Japão, mas não localizei informações sobre o episódio em Super Aventuras, que foi onde conheci a obra que se tornou um dos meus livros favoritos. Conheci tanta coisa através dos animes na minha infância, que nem sei...
A última versão animada (1987) é facilmente encontrável no torrent, mas ela é enrrolação pura, quase a metade dos seus 48 episódios não está nos livros e só cobre o primeiro livro. Eu cansei no capítulo 5 e larguei. Além disso, mostra o castigo corporal que Amy sofre e não faz a crítica, de acordo com o que li, Laurie diz para Amy não contar para ninguém e agüentar firme... É um toque japonês que eu dispensaria. Esta página não fala, mas Little Women é a primeira peça encenada por Maya em Glass Mask. Ela é Beth e fica doente de verdade para fazer o papel. Daí, Little Women aparece no mangá e em toda adaptação animada e live action da série
Pois bem, achei um site ótimo e a dona ou dono é fã de anime e mangá, daí, temos a informação sobre as versões em mangá de Little Women: Yoko Kitashima (1976, 1989), Midori Misuzu (1977), Sanae Tokimatsu (1989, re-editado em 1995) e Yun Kouga (1989). Pois é, a última versão foi feita por Yun Kouga de Earthian e Loveless. Achei muito legal, embora o traço seja aquele do início de Earthian. Queria muito poder ver imagens dos outros mangás, mas não encontrei nenhuma informação sobre eles. Para ver como a série é famosa no Japão. E neste livro Little Women and the Feminist Imagination há dois capítulos sobre Little Women em anime e mangá... Queria muito comprar, mas mesmo usado é bem caro.
Ah, muita gente se confunda, porque Little Women ora é publicado em um volume, ora em dois. São de fato dois volumes, um de 1968, focando na adolescência das meninas durante a Guerra de Secessão, o sucesso foi tanto que a continuação veio em 1969. Só que na Inglaterra esse segundo volume recebeu o nome de Good Wives e chegou a sair um segundo volume com o título de Boas Esposas no Brasil. Pelo que li, a autora nunca autorizou esse título, mas ele ficou. Mulherzinhas não soa bem em português, chamar alguém de “mulherzinha” é ofensivo, quando alguém quer elogiar uma menina diz que ela é uma mocinha. Todos sabem da conotação sexual implícita, já que um garoto pode ser chamado de “rapazinho”, mais comum, ou “homenzinho” e isso não será ofensa nem deixará dúvidas. De qualquer forma, ainda é melhor que As Filhas do Dr. March, já que elas são ao longo do livro muito mais as filhas de Marmee ou da Senhora March.
5 pessoas comentaram:
Olá, chamo-me Sofia, vivo em portugal e conheci Little Women através do anime quando ainda era muito nova, até agora só tive oportunidade de lêr na integra o livro Little Men, tradusido para português e por mais que procure não consigo encontrar nem filmes nem episódios podias-me ajudar com isso? Gostei do teu blog, e em especial deste último texto!
Sofia A.
Sofia,
aqui no Brasil o livro Little Women foi lançado pela Ediouro. Acho que você conseguiria comprar o livro em sebos (livraria de usados) brasileiras. Veja neste sita: estantevirtual.com.br
Já os episódios do último anime de Little Women estão disponíveis em japonês puro no mininova.org para download.
O filme mais recente saiu em DVD no Brasil, deve ter saído na europa tb e está disponível para encomenda por aqui. O filme de 1933 é fácil baixar no Mininova, Isohunt ou com o programa E-Mule.
Mt obrigada!!!!!!
Sofia A.
Bom, sabe deus se você vai ler esse comment, já que esse post é de 2007.
Mas eu queria indicar que lesse o manhwa "Dear my girls" que também é uma releitura do livro bem interessante ;)
Como tenho que aprovar o seu comentário, eu tenho que ler. ;-) Obrigada pela sugestão.
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