Segunda parte da entrevista com o editor da Tokyopop. Realmente, traduzir este negócio está dando trabalho, acho que algumas coisas não ficaram boas no meu texto, aceito sugestões. Dessa parte dois eu cortei a última questão que falava dos mangás digitais da Tokyopop, achei que nos interessava menos, mas é preciso dizer que o tal Mike Kiley me pareceu uma pessoa muito coerente. Enfim, eis a o texto:
Você falou anteriormente sobre a pressão por espaço nas prateleiras que o número de títulos está criando. Para este outono, nós contamos 87 novas séries ou títulos sendo lançados, 32 dos quais são yaoi. Focando no número de títulos que nós estaremos vendo neste período e na segunda metade do ano, o que você acha que vai acontecer no mercado como um todo – a diversidade de opções vai fazer com que o número de consumidores aumente, ou isso pode amedrontar algumas pessoas?
Eu não acho que a situação vá amedrontar as pessoas. Claramente uma das mais interessantes evoluções para os dois próximos anos é como os varejistas vão responder ao amadurecimento da categoria mangá. Haverá seções novas para os novos lançamentos, Haverá novas formas de alocação nas estantes a serem consideradas, também por autor ou por gênero. Em outras palavras, devem ser criadas novas alternativas para a alocação do material talvez um pouco mais amigáveis do que a prática que é simplesmente pegar a grande quantidade de títulos e organizá-los por ordem alfabética de título. Será interessante observar como isso será diversificado.
Eu não penso tomando o ponto de vista do consumidor que já existe ou mesmo que seja provável de existir em um futuro próximo, muito material a venda.[1] Há maior oferta e, portanto, uma maior dificuldade de escolher o que comprar do ponto de vista do consumidor. Há séries que são subestimadas, pelos varejistas e, no fim, até pelos consumidores. Isso definitivamente vai acontecer; já começou a acontecer, aliás. Mas é algo que acontece em todo setor editorial. Com o passar do tempo, acredito que as editoras de mangá, aquelas que estão no negócio por um longo período, começaram a responder às novas demandas e compreender qual é a melhor combinação, qual o número certo de séries que se deve dar mais foco, e qual o número exato de séries antigas se deve manter em catálogo e em quais séries que parecem ter menos apelo comercial se deve investir. Essas são questões novas que estão ainda sendo trabalhadas por todos os jogadores.[2]
Deixando a perspectiva do consumidor, eu digo que os últimos meses desse ano serão bem excitantes.
Indo direto ao problema, [3] qual você acha que será o impacto sobre os outros títulos no mercado do número de volumes de Naruto que serão lançados nos últimos quatro meses deste ano?
Eu honestamente não tenho idéia. Eu acho que Naruto vai vender muito, mas muito mesmo – isto é muito claro. Eu acho que o resultado será um volume de vendas bem maior na categoria mangá. Eu não acho que tal exposição de uma série foi tentada antes de alguma forma, então eu não sei se alguém pode prever qual será o impacto, e não vou fingir que sei. O que eu posso relatar extra-oficialmente é que o que estamos ouvindo dos varejistas é que a categoria mangá vai estar muito vibrante nesses últimos quatro meses do ano. Nós estamos prevendo encalhes para os próximos meses o que nos deixa realmente excitados como companhia.[4] Veremos como os consumidores se comportam, e se vai haver uma sensação de saturação, qual a quantidade de atenção a promoção em cima de Naruto vai conseguir atrair às custas de outros produtos. Vamos ver como as coisas vão terminar. Da minha perspectiva, Eu estou otimista de que esta movimentação irá conduzir a uma melhora nas vendas para todos nós.
Nós ouvimos que as vendas de mangá no Japão caíram em 2006 em comparação com 2005. Você tem alguma idéia sobre as razões para que isso tenha ocorrido e o que pode significar para o mercado norte americano no futuro?
É duro explicar isso exatamente. Em primeiro lugar, o mercado de livros em todo o lugar está passando por um tempo bem difícil. O fato das graphic novels em geral e dos mangás em particular continuarem aumentando suas vendas no mercado americano é algo muito atípico nos dias de hoje. Tem havido declínio ano a ano no mercado editorial dos EUA e em cada um dos meses deste ano, e está é uma tendência que se manifesta em todo o mundo.
O livro físico como um formato, quantos anos ainda resta para ele?[5] Ninguém sabe a resposta para essa questão, mas eu acho que está claro que este não é um formato que vá experimentar um dramático crescimento no futuro. Mangá como uma categoria no Japão está muito bem estabelecida e não é uma nova fronteira como no caso dos EUA, lá ela não experimentou um grande nível de crescimento por um longo tempo. Eu acredito que o mercado de mangás japonês esteja também sujeito à tendência global que estamos observando em outras categorias ao redor do mundo.
Há algumas pressões adicionais, ou oportunidades a depender de como se deseja olhar para elas, quando se fala de mangá no Japão, e a maioria é de origem tecnológica. Elas estão ligadas à distribuição de material via celular e ao fato das pessoas estarem navegando mais na internet e à busca por novas formas que sejam mais interessantes de tornar o material disponível para uma audiência que francamente não está tão apaixonada ou ligada ao livro impresso quanto as gerações anteriores estiveram.
Como uma forma de arte, eu não acho que isso signifique uma particular ameaça. Certamente não há falta de artistas de mangá incrivelmente talentosos. Para mim, é apenas questão de ter sensibilidade para perceber os movimentos na área das tecnologias e as formas nas quais os consumidores desejam experimentar os materiais de acordo com essas mudanças.[6]
[1] Ele é otimista, muitos norte americanos já estão achando que há muito material saindo, que as traduções estão caindo de qualidade e que os cancelamentos estão se tornando cada vez mais constante.
[2] Os jogadores aqui são as editoras, DC-CMX, VIZ, Del Rey, Tokyopop e outras.
[3] Havia uma expressão idiomática aqui elephant in the room ou ainda elephant in the living room, elephant in the corner, elephant on the dinner table, elephant in the kitchen, etc. Algo que é óbvio, inegável, porque muito evidente. Há uma expressão em português que pode ser usada, mas eu não consegui lembrar de jeito nenhum.
[4] Frase difícil para mim: “We've seen buy-in already for most of those months that's really exciting for us as a company”. Buy-in é uma expressão, fui atrás e achei isso aqui “When an investor is forced to repurchase shares because the seller did not deliver the securities in a timely fashion, or did not deliver them at all.” Se alguém tiver uma melhor sugestão de tradução. Eu realmente acho que não consegui pegar a idéia.
[5] Pode contar que os livros “físicos” não desaparecerão. Isso é balela e já foi ouvida para outras mídias como CinemaXTV, CinemaXDVD e por aí vai.
[6] Acho que ele realmente fez uma análise perfeita do mercado japonês aqui.
[2] Os jogadores aqui são as editoras, DC-CMX, VIZ, Del Rey, Tokyopop e outras.
[3] Havia uma expressão idiomática aqui elephant in the room ou ainda elephant in the living room, elephant in the corner, elephant on the dinner table, elephant in the kitchen, etc. Algo que é óbvio, inegável, porque muito evidente. Há uma expressão em português que pode ser usada, mas eu não consegui lembrar de jeito nenhum.
[4] Frase difícil para mim: “We've seen buy-in already for most of those months that's really exciting for us as a company”. Buy-in é uma expressão, fui atrás e achei isso aqui “When an investor is forced to repurchase shares because the seller did not deliver the securities in a timely fashion, or did not deliver them at all.” Se alguém tiver uma melhor sugestão de tradução. Eu realmente acho que não consegui pegar a idéia.
[5] Pode contar que os livros “físicos” não desaparecerão. Isso é balela e já foi ouvida para outras mídias como CinemaXTV, CinemaXDVD e por aí vai.
[6] Acho que ele realmente fez uma análise perfeita do mercado japonês aqui.
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