O ICV2 publicou uma entrevista com o editor da Tokyopop, Mike Kiley, em três partes. É uma conversa longuíssima e eu decidi traduzir. Há palavras e expressões difíceis e em alguns lugares acho que a qualidade do texto não está boa. Decidi postar em partes também. Se tirei alguma coisa foi pouco, porque tudo parece importante, bem mais do que a da autora de Gravitation. Enfim, eis a parte 1.
Do ponto de vista da Tokyopop, qual a situação do mercado de mangá nos EUA em 2007?
Em uma palavra, eu diria vigorosa. Eu diria que está claro que nos últimos dois anos, o crescimento não foi o mesmo que costumava ser há uns três ou quatro anos atrás, mas continua sendo bem saudável. Continua sendo um mercado bem vibrante. Existe claramente uma grande competição pelo espaço nas prateleiras – não apenas por parte de pessoas que estiveram ocupando o espaço por um bom número de anos, mas por parte de relativos recém-checados. Alguns desses novatos são pequenas companhias; algumas são grandes empresas bem mais tradicionais.
O resultado é uma situação bem dinâmica com uma tremenda quantidade de produtos competindo, caçando um pequeno espaço nas prateleiras que são limitadas. Mas, no final, qualidade sempre vence. O que eu acho é que para o consumidor é uma verdadeira idade de ouro em termos de disponibilidade de material e acesso a uma inacreditável variedade de conteúdo.
Você poderia falar um pouco sobre alguns componentes desse crescimento – especialmente nós estamos interessados em sua opinião sobre as diferenças na taxa de crescimento entre material japonês, coreano e o material feito originalmente em inglês.
Esta é uma pergunta realmente interessante. Eu não sei se costumo olhar para as coisas nesses termos. Claramente os blockbusters nesta categoria continuam sendo os bem conhecidos produtos japoneses. Para ser mais específico, tendem a ser mais os produtos japoneses que tem múltiplas encarnações através de múltiplos formatos.[1] Penso diretamente em Naruto e Fruits Basket e Tsubasa que continuam a ser os líderes do mercado em vendas por unidade. Eu acredito que o crescimento nessas áreas continua sendo ainda significativo – cada novo volume de cada uma dessas séries bem conhecidas tende ir além, do que foi antes, assim, acho que há um crescimento aqui.
O material coreano claramente não está conseguindo o mesmo nível de atenção, mas eu acredito que há material de muita qualidade e em quantidade aparecendo na Coréia.
O material feito originalmente em inglês (eu me refiro a este material mais como “global mangá”, neste Mercado [o Americano] claro que OEL) é aquele que em pocentagem ao longo dos anos, da nossa perspectiva, está crescendo mais rápido. Quando começamos o nosso grande experimento quatro ou cinco anos atrás com o concurso Rising Stars os Manga em uma tentativa de fazer crescer o nosso programa original de IP,[2] nós não estávamos certos do tipo de obstáculos que teríamos que superar. Naquela época, Havaí muita preferência por certo tipo de material com pedigree por parte do fandom, e nós sabíamos que havia um duro caminho a percorrer.
O que ficou claro para nós nos últimos dois anos é que nós realmente construímos séries com dificuldade, seja coisas como Princess Ai ou Dramacon ou I Love Halloween ou Bizenghast, que não são somente os nossos campeões de vendagens, mas materiais que estão sempre em lugares proeminentes nas listas dos livros mais vendidos. Se levarmos em consideração as taxas ano após ano, este setor é o que provavelmente está tendo o crescimento mais rápido, em minha opinião.
Você acha que os consumidores estão mais próximos de identificar mangá como material feito no Japão, ou como algo mais amplo como um estilo artístico?
Eu penso que mais para o segundo. Eu estive envolvido de várias formas com a comunidade dos fãs no universo dos animes e dos mangás agora por cerca de 12 ou 13 anos. Com cada pequena mini-geração que se sucede, eu acredito que tem existido um movimento rumo a uma abertura de mentalidade, um pouco mais de disposição em aceitar a diversidade de material que o mangá representa, e eu acho que as pessoas estão se tornando mais conscientes de que conteúdo é mais importante do que pedigree.
No tempo quando não havia muito material japonês disponível no Mercado, havia uma visão estereotipada envolvendo aquilo que mangá “parecia”. Acho que uma das coisas que aconteceram ao longo dos muitos anos é que as pessoas tinham uma visão muito sofisticada a respeito do que era mangá do Japão, agora há um crescimento da consci~encia de que o mangá – mesmo no seu centro produtor, o Japão – tem uma diversidade artística tão grande que é muito difícil classificá-lo dentro de um tipo de look somente. Trata-se de uma estética, mais do que um estilo artístico.[3] Eu acho que essa consciência foi filtrada através das gerações – os jovens hoje parecem muito mais interessados por algo que pareça legal, se a história ou a arte são convincentes, se o material é criativo e original. Eu diria que de uma forma ou de outra, essas barreiras foram completamente erradicadas.
Esta é ainda a razão pela qual Naruto e Fruits Basket vendem mais do que muitos dos “títulos originais”, é porque são realmente boas histórias. Eu não acho que você deva se agarrar à idéia de que “eles vendem porque têm uma aparência em particular”.[4]
Tokyopop recentemente teve um título no ranking de graphic novels, baseado em um romance para jovens leitores, o qual nós nunca havíamos visto antes. Parece que em relação às vendas, os títulos estão atingindo níveis de aceitação que eles nunca tiveram antes.
Você está falando de Warriors. Um dos componentes mais significativos do nosso programa de co-publicações com a HarperCollins é selecionar aclamados romances para jovens leitores (YA novel) e desenvolver mangás originais nesses universos. Uma das coisas mais excitantes nesses programas é que sempre há a esperança de atrair novos leitores para as artes seqüenciais. Quando contamos a história da co-publicação para nossos parceiros no Japão, eles ficaram muito excitados e interessados, em primeiro lugar, porque eles reconheceram as possibilidades comerciais desse tipo de licenciamentos; e eles reconheceram também que o fato desses quadrinhos estarem em prateleiras adjacentes aos próprios romances originais, ao invés de na categoria graphic novels, eles têm a possibilidade de expor novos leitores ao mangá como forma de arte.
Eu acho muito cedo para falar, porque lançamos somente dois livros neste programa (o terceiro, Vampire Kisses, sai no mês que vem), exatamente o que vai acontecer. Provavelmente 100 mil garotos e garotas compraram Warrios até agora – quantos deles continuarão a ler outros tipos de mangá ou comics? Ninguém sabe nesta altura, mas definitivamente é um negócio excitante.
Então vocês alojaram esse título junto com os romances ao invés de colocá-los com as graphic novels, ou ambos?
Então vocês alojaram esse título junto com os romances ao invés de colocá-los com as graphic novels, ou ambos?
Warriors é aquilo que é chamado no mercado de “mid-grade novel”.[5] O mangá foi originalmente colocado nos pontos de venda próximo à nova edição capa dura do romance Warriors. Uma vez que o mangá ganhou seu espaço nas prateleiras, ele foi alojado na prateleira de ficção para o público em idade ginasial.
[1] Confesso que esta frase “Even more specifically, they tend to be more often than not to be Japanese licenses that have multiple incarnations across different formats.” Foi difícil de traduzir.
[2] Há outro significado para “IP” que não seja “internet protocol”?
[3] Até aqui ele só se resumiu à aparência, os olhões, e não ao conteúdo em si.
[4] Não a aparência, mas conteúdo, história, narrativa etc.
[5] Romances voltados para o público mais ou menos em idade ginasial (mid-grade) ou os tweens, isto é, meninos e meninas entre 9 e 13 anos.
[2] Há outro significado para “IP” que não seja “internet protocol”?
[3] Até aqui ele só se resumiu à aparência, os olhões, e não ao conteúdo em si.
[4] Não a aparência, mas conteúdo, história, narrativa etc.
[5] Romances voltados para o público mais ou menos em idade ginasial (mid-grade) ou os tweens, isto é, meninos e meninas entre 9 e 13 anos.
2 pessoas comentaram:
Eu particularmente acho que os mangás coreanos são bem reconhecidos sim. O que pode estar gerando essa impressão é o número baixo de volumes publicados em comparação ao Japão. Se pegarmos por exemplo o mangá Goong (meu favorito), ele encontra-se em primeiro lugar na lista dos mais baixados do vnmanga, a frente de naruto, bleach e até mesmo fruits basket. Ele já tem até dorama e faz muito sucesso sim, podendo ser uma boa opção para publicação até aqui no Brasil.
IP pode ser tb 'Intellectual property'
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