quarta-feira, 18 de julho de 2007

Comi Press coloca Shoujo, Lolicon e Livros Prejudiciais no mesmo saco


Não sei qual o objetivo do Comi Press, mas eles estão fazendo uma série de matérias colocando shoujo mangá - e para eles Ciao e Sho-Comi são estão no mesmo nível - com lolicon e hentai (*o caso das genitálias e pelos publianos que deu em processo e multa severa*), no mesmo saco. Agora fizeram uma grande matéria que abre falando do mangá voltado para educação sexual de meninas, Naisho no Tsubomi, que é sobre uma garotinha de quarta série e sua entrada na puberdade (aparecimento de pelos, menstruação, a gravidez de sua mãe, a escolha do primeiro sutiã, o primeiro interesse por meninos, como escapar do assédio de homens mais velhos pedófilos pelas ruas de Tóquio etc) com materiais que nós aqui chamamos de Steamy Shoujo, para marcar a diferença entre o educativo e o não-educativo. Tsubomi, entretanto, tem apelo também aos amantes do lolicon e, claro, pode gerar um sem número de paródias hentai em doujinshi, até aí, não há como ter controle sobre isso. Aliás, Tsubomi seria um material publicável e muito útil na maioria dos países. Procurem pelas scanlations, vale a pena.

Para mim, estão pegando material suspeito de blogs sem confiabilidade - como no caso do
encarte sobre sexo oral que teria sido publicado na Ciao (*revistas para meninas de 9-13 anos) e material visivelmente hentai sendo chamado de shoujo. Este é um exemplo que dizem ter saído de um blog japonês chamado Notakura. De acordo com a matéria, o material teria sido publicado na Sho-Comi. Difícil acreditar, em especial a segunda imagem que tem um estilo de arte tipicamente voltada para o público masculino e muito distante do estilo da Sho-Comi. A primeira teria um traço "mais shoujo", só que as poses são absolutamente hentai, isto é, de apelo ao público masculino. Ainda não folheei mangá para garotas no Japão onde um close sobre a genitália feminina exposta fosse atrativo. Os gostos das mulheres japonesas são outros, aliás, material erótico para mulheres não foca nesse tipo de coisa, nem mesmo quando tem apelo ao público lesbiano.

O fato de algumas capas de mangás da Sho-Comi estarem lacrados é por conta da política de rotular alguns shoujo como "livros prejudiciais", que já foi comentada e que eu vejo em alguns casos como perseguição aberta, já que há mais shoujos rotulados em certos lugares do que mangás lolicon, por exemplo, e ninguém comenta os "excessos" dos mangás shounen ou seinen. Parece que é interessante controlar a sexualidade das meninas, e só. ERu não gosto da maioria dos Steamy Shoujo, do material que Shinju Mayu (*que agora saiu do nicho ao que parece) e outras produzem, da apologia ao estupro consentido, das protagonistas reféns e tudo mais, só que essas matérias, em especial a credibilidade dada ao que certos blogs publica muito estranha. Quem é a desenhista das imagens que foram (supostamente) publicadas na Sho-Comi? Quais as suas séries? E o scan da capa da revista? Falta informação. Em uma parte da matéria, que não é tradução, é dito:
"Então, a Sho-comi está muito próxima de ser uma revista porno, mas meninas do primário realmente lêem esta revista? De acordo com o Japan Magazine Publishers Association, em 2005, a circulação da Sho-Comi era de 300 mil volumes e 26% das suas leitoras tinham menos de 13 anos de idade. Isto significa que aproximadamente 80 mil meninas do primário lêem a Sho-Comi. As meninas de ginásio (13-15 anos) representam 40.2% das leitoras, ou 120 mil. Na realidade deve haver mais leitoras."
Revistas são lidas nas lojas, é prática comum no Japão, podem ser emprestadas, circulam. Não acho boa parte do material que vi da Sho-Comi ultimamente, embora um dos meus atuais mangás favoritos, muito recomendável. Agora, Anatolia Story tenha sido publicado lá e tenha sido concluído há menos de dez anos, a autora migrou para outra revista, não foi a única. Mas de novo temos uma questão: os pais e mães não têm o dever de orientar e controlara leitura de seus filhos. Parece o papo aqui do Brasil com a tal "classificação indicativa". Deixem o Estado estabelecer as regras, não assuma as responsabilidades como educadores e depois digam que não sabiam o que seus filhos ou filhas andam fazendo. S.O.S. Babá ou Super Nanny são programas bem educativos para esse tipo de pais... depois, nem Anjolescentes, dá jeito.

Voltando aos blogs, às vezes, não basta traduzir, é preciso questionar o que se lê. Não leio japonês, não tenho como checar o conteúdo dos blogs, mas suspeito muito de certas informações que têm sido publicadas por aí. Também considero muito complicado essa coisa de colocar shoujo mangá, hentai/lolicon no mesmo saco. Já ponderei sobre isso no blog várias vezes. Acho que falta critério nessas matérias feitas pelo Comi Press. É um dos meus sites favoritos, mas acho que quem traduz, só traduz, sem muito conhecimento às vezes do material em questão. E isso é perigoso, porque sei que muita gente não vê com bons olhos o crescimento do shoujo mangá, nem a invasão das mulheres - leitoras e artistas - no mercado e nas convenções. Difamar o shoujo mangá como um todo é uma forma muito boa de promover a desinformação e, em certo sentido, desestimular as publicações. Ou será que o lucro vai falar mais alto? A Sho-Comi vende muito, mais até do que deveria.

4 pessoas comentaram:

Preocupante esse generalização entre materail Hentai e shoujo educativo.Mas que algumas autoras de shoujo pegam pesado isso não se pode negar,por exemplo autora de Sensual Phrase,que você citou, devia migrar logo pra um revista de hentai ''Hardcore''.Acho muito estranho uma história sadomasoquista, passar por fofinha.
E concordo com você, que os pais deveriam,pois têm obrigação, de controlar o que seus filhos menores de idade.
Também acho um absurdo o shota e guro hentai não entrarem lista.

A Shinjo Mayu, autora de Senshual Phrase, já se mudou. Mas foi para Betsuma xD.

E bom, de qualquer jeito, não acho Kaikan Phrase ou Ren-ai Shijo Shugi ou mesmo Boku wa Imouto ni Koi wo Suru mangás educativos ou saudáveis. Acho apelativos, gráficos demais, uma coisa. Mas sinceramente não os considero harmful e acho um exagero considera-los como tal, principalmente levando em consideração que tem 45 mil títulos piores sendo públicados no Japão. Kaikan Phrase é só uma fantasia sexual para as leitoras e nada além disso. Não é o tipo de mangá que garotas de 13 anos deveriam tá lendo (e uma coisa é verdade, a SHO-COMI é promovida LOUCAMENTE na Ciao, tem propaganda em tudo quanto é canto), mas não chega a ser hentai "hardcore" nem material harmful para garotas de 16 anos na minha opinião, embora não defenda a Sho-comi que, como o Comipress apontou, foi publicado por uma pessoa totalmente sem moral por muito tempo e era promovida para as leitoras da Ciao (e ainda por cima durante anos o festival da Ciao era feito junto com o da Sho-comi, agora é feito com a ChuChu, que é um intermediário entre as duas revistas e que não tem smut).

Agora, eu não tenho a menor duvida que aqueles scans da Ciao e da Sho-comi ensinando técnicas são totalmente e absolutamente falsos. Alias, a Ciao não pública smut e é uma loucura pensar que sim. Eu até vi umas capas meio smut-izadas da Nakayoshi e realmente a revista tem como pública secundario otakus (e até Sailor Moon tinha indiretas sexuais), mas duvido que a Ciao publique sexo em suas páginas.

André, concordo com tudo o que você disse. E quando falei dos encartes, lembrei de você, que foi o primeiro que vi se manifestando que o material era falso. Enfim, há uma campanha contra os shoujo mangá com conteúdo erótico no Japão, mas, para mim, denunciam a incompetência dos pais e a hipocrisia do Estado. Agora, quando o Comi Press faz este tipo de matéria promove a desinformação.

Aliás, quando você volta com o seu blog? Ele é mais que fundamental.

não acho q o governo deve ser o responsável pela classificação de material, pq isso chama-se "censura". É muito poder na mão de quem já tem muito!

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