Desde dezembro do ano passado, estava colecionando o mangá Orpheus no Mado (A Janela de Orpheus – オルフェウスの窓– 1975-1981) de Riyoko Ikeda, os últimos três volumes chegaram na sexta-feira. Todo mundo que me conhece sabe o quanto sou fã da autora da Rosa de Versalhes, pois bem, dos grandes mangás de Ikeda, aqueles que a tornaram famosa antes dela decidir que não estava mais a fim de desenhar, só me faltava este. Tenho A Rosa (ベルサイユのばら– 1972-74), Oniisama E (おにいさまへ・・・– 1975), Claudine (クローディーヌ…! – 1978 *história curta dentro de uma coletânea); e, claro, dos posteriores eu tenho Catharina, a Grande (女帝エカテリーナ– 1982-?), com um traço que já não me agrada muito.
Orpheus no Mado é uma obra longa, tem 18 volumes ao todo, 9 na reedição que eu comprei e já teve outras várias reedições e formatos no Japão. Já tinha lido comentários que diziam que Orpheus era a obra prima de Ikeda, não concordo, mas quanto a ser uma obra densa, sim, sem dúvida é, mas também é um mangá diferente dos outros de Ikeda. E por quê?
Em primeiro lugar, há um número absurdo de personagens. Parece novela do Manoel Carlos, as criaturas aparecem, fazem uma ponta e somem... não raro morrem! Inclusos aí estão figuras históricas como Lênin, Rasputin, o Czar e família, só para citar alguns. O mangá, publicado na Margaret, começa com furigana (*a colinha em hiragana do lado do kanji) e do meio para lá é kanji puro, o que talvez indique que o público mais jovem tenha deixado de ser o foco. Os protagonistas, ou melhor, a protagonista chegou a passar uns 4 volumes sem dar as caras, coisa que é no mínimo incomum.
A arte começa idêntica à da Rosa de Versalhes e vai ficando cada vez mais detalhada, madura e realista sem perder a beleza (*coisa comum nos mangás posteriores da autora*). É o melhor da arte de Ikeda, sem dúvida, o ponto alto do mangá. E tal detalhe é ainda mais surpreendente pelo fato da Margaret na época ainda ser semanal, ou pelo menos foi o que eu li em algum lugar, o qu exigiu um trabalho monstro da autora e suas auxiliares.
Agora, o que marca mais Orpheus é que Ikeda exagera na tragédia. Quem conhece os mangás da autora, sabe que ela, como a maioria das suas contemporâneas, curte um grande drama, que as protagonistas nem sempre são felizes, mas em Orpheus a coisa ganha proporções terríveis, e ninguém consegue alcançar a felicidade. Mas eu não resumi a história ainda, melhor fazer isso.
A história começa em Regensburg, Alemanha, 1903. No Saint Sebastian Institute há uma lenda que quem ver uma mulher da janela de Orfeu, que fica em uma das torres do colégio, irá se apaixonar perdidamente para toda a vida, mas assim como na história de Orfeu e Eurídice, o amor terminará em tragédia. Neste instituto de música católico estudam Isaak, um aluno de piano muito talentoso, mas pobre e bolsista; Julius, o filho e herdeiro de um homem poderoso; e o misterioso Klaus, um rapaz muito bonito, másculo, heróico e excelente violinista. Detalhe importante é que Julius é uma garota e Isaak e Klaus a vêem pela janela e se apaixonam por ela, sem saber que ela esconde o seu sexo.
Julius ou Julia foi criada como um menino, pois somente assim, sua mãe, uma empregada da família, conseguiu alguma segurança. Afinal, quando soube que a moça estava grávida, o patrão a colocou fora de casa, e só a aceitou porque ela lhe deu o tão desejado herdeiro. Casou-se com seu patrão, mas passou a ser humilhada pelas filhas dele, Maria Barbara e Anelotte, que por causa de Julius perderam direito a boa parte de sua herança.
Julius faz parte, junto com Oscar (Rosa de Versalhes), Saint Just (Oniisama E) e Claudine, do quarteto de grandes personagens andróginas de Ikeda que poderíamos dizer que são interpretadas pela mesma “atriz”, dada a semelhança física entre elas. Só que, diferente das demais, Julius não hesitaria em abrir mão de seu lugar de homem em troca de espartilhos, laços, rendas e lindos vestidos. Ela quer ser a mocinha delicada e protegida, mas por causa da mãe, para garantir o seu segredo, se submete a viver como um homem. Por conta disso, a personagem me parece tremendamente irritante às vezes. Sempre a beira de uma crise de nervos, pensando em suicídio, tomando atitudes desesperadas. Dá saudade de Oscar ou até da quase sempre depressiva Saint Just. Aliás, li em uma página italiana que Saint Just seria a “Oscar fraca”, mas eu daria este título à Julius, que é completamente “anti-Oscar”.
Julius termina se apaixonando por Klaus e o seu segredo – ela é banderosíssima – não dura muito. Aliás, um dos seus amigos, Davi, o primeiro a descobrir a sua identidade, se declara e a beija, e na iminência de ver o segredo de Julius descoberto, beija também Isaak e termina passando por homossexual. É um dos raros momentos de humor da série. Isaak, que na sua fase adulta é idêntico à André, se atrasa em mostrar seu amor, termina então sendo jogado para escanteio e vira o grande “amigo”. Isaak, aliás, é um azarado e se mete em mil envolvimentos amorosos que atrapalham sua carreira.
Orpheus tem um início até meio leve, lembrando os mangás shounen-ai em colégios europeus tão ao gosto dos anos 70, mas logo a barra começa a pesar com múltiplos assassinatos e tentativas de assassinato (*Julius chega a tentar matar seu próprio pai, fonte de sua desgraçada vida de homem), acidentes estranhos (*a mãe de Julius quase morre em um incêndio, depois cai da janela de Orpheus), espionagem internacional, chantagem (*o médico sabe que Julius é Julia e a moça tem que matá-lo, sendo assombrada pela culpa pelo resto da vida), e os suicídios são muitos, também. Há mortes naturais, como a da irmã de Isaak que morre de tuberculose, mas não são menos tristes.
A história começa na Alemanha, como disse, mas logo temos flashbacks. Klaus é russo e se chama Alexei. Seu irmão, Dimitri, foi morto por fazer oposição ao Czar e ele teve que fugir, só que Klaus decide retornar para a Rússia e continuar lutando, deixando Julius, agora órfã e ciente de que muita gente, inclusive uma de suas irmãs (*não direi qual*), a quer morta, para trás. No meio da turbulência, a moça tem um amigo fiel, David, que abre mão de seu amor por ela e se mantém como seu aliado. Mas, Julius vai atrás de Klaus na Rússia, é claro.
Isaak vai para Viena e aí o mangá se foca nele por uns bons volumes, poderia bem ser um gaiden... O rapaz ganha uma bolsa de estudos, se torna um grande pianista, vive muitos romances infrutíferos, pois ele continua sendo “pobre” para os padrões de algumas famílias, além de não ser nobre. O jovem acaba se casando, para escândalo da boa sociedade, com Roberta, uma bela moça, meio desmiolada, que fora prostituída pelo próprio pai por estarem na miséria. Isaak vive a glória, toca para o Arquiduque Ferdinando e sua Esposa (*os assassinados em Sarajevo), mas começa a se desgostar de Roberta que passa a noite na jogatina e age de forma leviana.
1914, estoura a 1ª Guerra. Isaak vai lutar e volta doente. Suas mãos perdem a mobilidade e sua carreira de concertista é dada como acabada. Roberta então passa a vender tudo o que eles têm para que se sustentem e possa comprar remédios na esperança de recuperar a saúde de Isaak. Vende até as partituras do marido, e quando nada mais sobra, volta a se prostituir. Isaak a expulsa de casa e só a reencontra meses depois à morte. Termina viúvo, arruinado financeiramente e com um filho para criar. De volta à Alemanha, ele reencontra Julius, mas ela está desmemoriada. Falei em desgraças, não é?
E vamos para a Rússia. Azaradíssima, Julius acaba engolida pela agitação pré-revolução russa. Ela é ferida e resgatada pelo Príncipe Leonid que a deixa aos cuidados de sua irmã Vera. Sujeito rico, charmoso, inteligente, reacionário e que quer a cabeça de Klaus, ou melhor, Alexei. Ele mantém Julius em cárcere privado. E, claro, termina apaixonado por ela.
Temos aí a história focando nas tentativas de fuga, no reencontro com Klaus/Alexei, na prisão dele por Leonid que o manda curtir uns bons anos na Sibéria e, sim, nos acontecimentos da 1ª Guerra, da influência funesta de Rasputin e da Revolução Russa. Klaus consegue retornar e ficar junto com Julius por algum tempo, mas felicidade dura pouco em Orpheus.
Leonid é quem mata Rasputin no mangá de Ikeda. E mata muita gente mais, inclusive o amado de sua irmã Vera. E a sangue frio! A violência corre solta, com assassinatos, massacres, estupros e tudo mais. Só para se ter uma idéia, a parenta idosa de Klaus que o criou é morta a golpes de foice por uma turba revolucionária, enquanto Julius, grávida é seqüestrada por um dos paus mandados de Leonid.
Quando Klaus é assassinado diante dos olhos da amada. Julius fica tão desesperada que adoece, depois rola da escada, perdendo o bebê e a memória. Sim, tudo sempre muito over. Como as coisas estão muito feias na Rússia, Leonid decide mandar Vera e Julius para a Alemanha, onde podem ficar em segurança. As duas fogem disfarçadas de homem e, depois, Leonid dá um tiro na cabeça.
Tempos depois, Julius recupera a sua memória, com a ajuda de Isaak. Daí, voltamos ao ponto em que estávamos com Isaak incapacitado e com um filho para criar. Para dizer que nada de bom acontece, o filho de Isaak herda seu dom, para orgulho e felicidade do pai. E Julius? Bem, destruída pela dor, ela termina sendo estrangulada e atirada em um rio por um dos antigos desafetos que a culpava pela morte de sua amada. Disse que uma das irmãs dela estava conspirando, certo? Pois é, ela acabou morrendo e Julius metida no rolo por acidente.
E só contei em linhas gerais as coisas, porque é um mangá tão cheio de personagens e texto que uma leitura de imagens é quase impossível! Enfim, acompanhar as tragédias das personagens principais e secundárias é de cortar o coração. Não vejo Orpheus como “a obra prima” de Ikeda. Acredito que ela errou a mão em muitos momentos, exagerou nas tragédias, mas, mesmo assim, é um dos grandes trabalhos da autora e digno de ser lembrado e lido. Aliás, daria um excelente romance e no mangá já tem texto suficiente para isso.
E não pensem que eu escreveria esse resumão dos protagonistas sem a ajuda de uns bons sites... Bem, sugiro os seguintes: Orpheus no Mado Encyclopaedia, Storm in Heaven (*alguns capítulos estão traduzidos para o inglês), Shoujo Manga Outline, Das Fenster von Orpheus e Manga World (*sinopses até o volume 14).
Orpheus no Mado é uma obra longa, tem 18 volumes ao todo, 9 na reedição que eu comprei e já teve outras várias reedições e formatos no Japão. Já tinha lido comentários que diziam que Orpheus era a obra prima de Ikeda, não concordo, mas quanto a ser uma obra densa, sim, sem dúvida é, mas também é um mangá diferente dos outros de Ikeda. E por quê?
Em primeiro lugar, há um número absurdo de personagens. Parece novela do Manoel Carlos, as criaturas aparecem, fazem uma ponta e somem... não raro morrem! Inclusos aí estão figuras históricas como Lênin, Rasputin, o Czar e família, só para citar alguns. O mangá, publicado na Margaret, começa com furigana (*a colinha em hiragana do lado do kanji) e do meio para lá é kanji puro, o que talvez indique que o público mais jovem tenha deixado de ser o foco. Os protagonistas, ou melhor, a protagonista chegou a passar uns 4 volumes sem dar as caras, coisa que é no mínimo incomum.
A arte começa idêntica à da Rosa de Versalhes e vai ficando cada vez mais detalhada, madura e realista sem perder a beleza (*coisa comum nos mangás posteriores da autora*). É o melhor da arte de Ikeda, sem dúvida, o ponto alto do mangá. E tal detalhe é ainda mais surpreendente pelo fato da Margaret na época ainda ser semanal, ou pelo menos foi o que eu li em algum lugar, o qu exigiu um trabalho monstro da autora e suas auxiliares.
Agora, o que marca mais Orpheus é que Ikeda exagera na tragédia. Quem conhece os mangás da autora, sabe que ela, como a maioria das suas contemporâneas, curte um grande drama, que as protagonistas nem sempre são felizes, mas em Orpheus a coisa ganha proporções terríveis, e ninguém consegue alcançar a felicidade. Mas eu não resumi a história ainda, melhor fazer isso.
A história começa em Regensburg, Alemanha, 1903. No Saint Sebastian Institute há uma lenda que quem ver uma mulher da janela de Orfeu, que fica em uma das torres do colégio, irá se apaixonar perdidamente para toda a vida, mas assim como na história de Orfeu e Eurídice, o amor terminará em tragédia. Neste instituto de música católico estudam Isaak, um aluno de piano muito talentoso, mas pobre e bolsista; Julius, o filho e herdeiro de um homem poderoso; e o misterioso Klaus, um rapaz muito bonito, másculo, heróico e excelente violinista. Detalhe importante é que Julius é uma garota e Isaak e Klaus a vêem pela janela e se apaixonam por ela, sem saber que ela esconde o seu sexo.
Julius ou Julia foi criada como um menino, pois somente assim, sua mãe, uma empregada da família, conseguiu alguma segurança. Afinal, quando soube que a moça estava grávida, o patrão a colocou fora de casa, e só a aceitou porque ela lhe deu o tão desejado herdeiro. Casou-se com seu patrão, mas passou a ser humilhada pelas filhas dele, Maria Barbara e Anelotte, que por causa de Julius perderam direito a boa parte de sua herança.
Julius faz parte, junto com Oscar (Rosa de Versalhes), Saint Just (Oniisama E) e Claudine, do quarteto de grandes personagens andróginas de Ikeda que poderíamos dizer que são interpretadas pela mesma “atriz”, dada a semelhança física entre elas. Só que, diferente das demais, Julius não hesitaria em abrir mão de seu lugar de homem em troca de espartilhos, laços, rendas e lindos vestidos. Ela quer ser a mocinha delicada e protegida, mas por causa da mãe, para garantir o seu segredo, se submete a viver como um homem. Por conta disso, a personagem me parece tremendamente irritante às vezes. Sempre a beira de uma crise de nervos, pensando em suicídio, tomando atitudes desesperadas. Dá saudade de Oscar ou até da quase sempre depressiva Saint Just. Aliás, li em uma página italiana que Saint Just seria a “Oscar fraca”, mas eu daria este título à Julius, que é completamente “anti-Oscar”.
Julius termina se apaixonando por Klaus e o seu segredo – ela é banderosíssima – não dura muito. Aliás, um dos seus amigos, Davi, o primeiro a descobrir a sua identidade, se declara e a beija, e na iminência de ver o segredo de Julius descoberto, beija também Isaak e termina passando por homossexual. É um dos raros momentos de humor da série. Isaak, que na sua fase adulta é idêntico à André, se atrasa em mostrar seu amor, termina então sendo jogado para escanteio e vira o grande “amigo”. Isaak, aliás, é um azarado e se mete em mil envolvimentos amorosos que atrapalham sua carreira.
Orpheus tem um início até meio leve, lembrando os mangás shounen-ai em colégios europeus tão ao gosto dos anos 70, mas logo a barra começa a pesar com múltiplos assassinatos e tentativas de assassinato (*Julius chega a tentar matar seu próprio pai, fonte de sua desgraçada vida de homem), acidentes estranhos (*a mãe de Julius quase morre em um incêndio, depois cai da janela de Orpheus), espionagem internacional, chantagem (*o médico sabe que Julius é Julia e a moça tem que matá-lo, sendo assombrada pela culpa pelo resto da vida), e os suicídios são muitos, também. Há mortes naturais, como a da irmã de Isaak que morre de tuberculose, mas não são menos tristes.
A história começa na Alemanha, como disse, mas logo temos flashbacks. Klaus é russo e se chama Alexei. Seu irmão, Dimitri, foi morto por fazer oposição ao Czar e ele teve que fugir, só que Klaus decide retornar para a Rússia e continuar lutando, deixando Julius, agora órfã e ciente de que muita gente, inclusive uma de suas irmãs (*não direi qual*), a quer morta, para trás. No meio da turbulência, a moça tem um amigo fiel, David, que abre mão de seu amor por ela e se mantém como seu aliado. Mas, Julius vai atrás de Klaus na Rússia, é claro.
Isaak vai para Viena e aí o mangá se foca nele por uns bons volumes, poderia bem ser um gaiden... O rapaz ganha uma bolsa de estudos, se torna um grande pianista, vive muitos romances infrutíferos, pois ele continua sendo “pobre” para os padrões de algumas famílias, além de não ser nobre. O jovem acaba se casando, para escândalo da boa sociedade, com Roberta, uma bela moça, meio desmiolada, que fora prostituída pelo próprio pai por estarem na miséria. Isaak vive a glória, toca para o Arquiduque Ferdinando e sua Esposa (*os assassinados em Sarajevo), mas começa a se desgostar de Roberta que passa a noite na jogatina e age de forma leviana.
1914, estoura a 1ª Guerra. Isaak vai lutar e volta doente. Suas mãos perdem a mobilidade e sua carreira de concertista é dada como acabada. Roberta então passa a vender tudo o que eles têm para que se sustentem e possa comprar remédios na esperança de recuperar a saúde de Isaak. Vende até as partituras do marido, e quando nada mais sobra, volta a se prostituir. Isaak a expulsa de casa e só a reencontra meses depois à morte. Termina viúvo, arruinado financeiramente e com um filho para criar. De volta à Alemanha, ele reencontra Julius, mas ela está desmemoriada. Falei em desgraças, não é?
E vamos para a Rússia. Azaradíssima, Julius acaba engolida pela agitação pré-revolução russa. Ela é ferida e resgatada pelo Príncipe Leonid que a deixa aos cuidados de sua irmã Vera. Sujeito rico, charmoso, inteligente, reacionário e que quer a cabeça de Klaus, ou melhor, Alexei. Ele mantém Julius em cárcere privado. E, claro, termina apaixonado por ela.
Temos aí a história focando nas tentativas de fuga, no reencontro com Klaus/Alexei, na prisão dele por Leonid que o manda curtir uns bons anos na Sibéria e, sim, nos acontecimentos da 1ª Guerra, da influência funesta de Rasputin e da Revolução Russa. Klaus consegue retornar e ficar junto com Julius por algum tempo, mas felicidade dura pouco em Orpheus.
Leonid é quem mata Rasputin no mangá de Ikeda. E mata muita gente mais, inclusive o amado de sua irmã Vera. E a sangue frio! A violência corre solta, com assassinatos, massacres, estupros e tudo mais. Só para se ter uma idéia, a parenta idosa de Klaus que o criou é morta a golpes de foice por uma turba revolucionária, enquanto Julius, grávida é seqüestrada por um dos paus mandados de Leonid.
Quando Klaus é assassinado diante dos olhos da amada. Julius fica tão desesperada que adoece, depois rola da escada, perdendo o bebê e a memória. Sim, tudo sempre muito over. Como as coisas estão muito feias na Rússia, Leonid decide mandar Vera e Julius para a Alemanha, onde podem ficar em segurança. As duas fogem disfarçadas de homem e, depois, Leonid dá um tiro na cabeça.
Tempos depois, Julius recupera a sua memória, com a ajuda de Isaak. Daí, voltamos ao ponto em que estávamos com Isaak incapacitado e com um filho para criar. Para dizer que nada de bom acontece, o filho de Isaak herda seu dom, para orgulho e felicidade do pai. E Julius? Bem, destruída pela dor, ela termina sendo estrangulada e atirada em um rio por um dos antigos desafetos que a culpava pela morte de sua amada. Disse que uma das irmãs dela estava conspirando, certo? Pois é, ela acabou morrendo e Julius metida no rolo por acidente.
E só contei em linhas gerais as coisas, porque é um mangá tão cheio de personagens e texto que uma leitura de imagens é quase impossível! Enfim, acompanhar as tragédias das personagens principais e secundárias é de cortar o coração. Não vejo Orpheus como “a obra prima” de Ikeda. Acredito que ela errou a mão em muitos momentos, exagerou nas tragédias, mas, mesmo assim, é um dos grandes trabalhos da autora e digno de ser lembrado e lido. Aliás, daria um excelente romance e no mangá já tem texto suficiente para isso.
E não pensem que eu escreveria esse resumão dos protagonistas sem a ajuda de uns bons sites... Bem, sugiro os seguintes: Orpheus no Mado Encyclopaedia, Storm in Heaven (*alguns capítulos estão traduzidos para o inglês), Shoujo Manga Outline, Das Fenster von Orpheus e Manga World (*sinopses até o volume 14).
6 pessoas comentaram:
Seria interessante ver esses mangás de Ikeda por aqui.
Valéria, vc compra esse mangá onde, como? E em que língua vc o lê? É em inglês? Estou interessada em comprá-lo.
Olá, tudo bom? Achei recentemente a tradução do vol 1 de Orpheu no Mado em um site de mangás e fiquei muito curiosa já que a "mocinha" é a cara de Lady Oscar como traço forte da autora. Mas se são 18 volumes não sei quando poderei lê-los já que deve ser um trabalho demorado para fazer a tradução e disponibilizá-los online...por isso gostaria de saber como vc consegue adquirir as obras de Ikeda. Obrigada e parabéns pelo seu blog!
Beatriz, como os mangás da Ikeda do Japão, da Espanha (Caso de Orpheus) ou da Itália.
Obrigada! Acabei de ver no site da Livraria Cultura 13 volumes (espanhol) mas será que está completa? A edição é de 2010...Você sabe se houve uma reedição mais compacta? Obrigada!
É a edição em espanhol que eu tenho. Está completa.
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