Falando em fronteiras de gênero e termos, decidi comentar uma coisa aqui, porque ela anda me incomodando um pouco. Primeiro a idéia de que no Japão existiria um divórcio consolidado entre shoujo, josei e BL/Yaoi; depois de que fãs de shoujo, editores e mangá-kas hostilizam o "gênero" BL, como se houvesse um rancor homofóbico contra algo que é feito por mulheres para mulheres heterossexuais. Mas vamos lá...
Fãs de BL encrencam com o uso do termo yaoi para mangás profissionais (*ou qualquer mangá*), dizem que usamos o termo de forma equivocada no Ocidente. Mesmo assim, li uma entrevista com uma mangá-ka japonesa e ela usou o termo. Mas o que realmente me motivou a comentar foi a surpresa ao descobrir que o ranking da Taiyosha, que divide os rankings em geral e por gênero, usa o termo Tanbi (耽美) para os mangás yaoi/BL. Sites especializados em “fananthropology” como o Aestheticism colocam que Tanbi não é um termo utilizado para mangás BL/Yaoi no Japão desde muito tempo, é um termo superado que aparece somente em categorizações de livrarias, como o Taiyosha. Sei que o ranking da Taiyosha deixa a desejar em muitos aspectos, mas se o termo absoluto – como desejam algumas fãs – é BL (Boys Love), por que a Taiyosha usa tanbi e não BL se é o termo em uso no Japão? Parece uma explicação capenga, em todo o caso. Se o termo é usado é porque ele faz sentido, tem significado reconhecido, ou então as empresas não arriscariam a aborrecer as fãs ou não serem compreendidos?
Sabe o que eu acho? Há nos dias de hoje um interesse e até necessidade de levantar muros e barreiras, de construir identidades que ao mesmo tempo que excluem dão segurança a quem está dentro. Posso estar muito errada, mas a coisa no Japão deve se rmuito mais fluída do que nos parece aqui. E sempre a coisa vem de fãs – mangá-kas, professores de mangá, ou gente que trabalha academicamente com a coisa nunca vi falando – com um tom de “No Ocidente usam errado os termos”, mas a impressão que me vem às vezes é que interessa para alguns criar guetos, para dar um caráter hiper-especial ao que se gosta.
Em todo caso, posso estar absolutamente equivocada, por não acreditar em fronteiras claras, e a questão me inquieta realmente, já que tenho a pretensão de entender o funcionamento desse sistema e quem sabe estudá-lo. Como não tem graça falar sozinha, por isso mesmo, para uma visão do outro lado da discussão, é só clicar aqui. Está em inglês. Houve também uma discussão sobre a questão na lista Tomodachi no Shoujo. Basta procurar por "February 2007: XOXO" e "Shojo Manga Certification in Josei Jishin - BL x Shoujo". As mensagens da lista são abertas.
Fãs de BL encrencam com o uso do termo yaoi para mangás profissionais (*ou qualquer mangá*), dizem que usamos o termo de forma equivocada no Ocidente. Mesmo assim, li uma entrevista com uma mangá-ka japonesa e ela usou o termo. Mas o que realmente me motivou a comentar foi a surpresa ao descobrir que o ranking da Taiyosha, que divide os rankings em geral e por gênero, usa o termo Tanbi (耽美) para os mangás yaoi/BL. Sites especializados em “fananthropology” como o Aestheticism colocam que Tanbi não é um termo utilizado para mangás BL/Yaoi no Japão desde muito tempo, é um termo superado que aparece somente em categorizações de livrarias, como o Taiyosha. Sei que o ranking da Taiyosha deixa a desejar em muitos aspectos, mas se o termo absoluto – como desejam algumas fãs – é BL (Boys Love), por que a Taiyosha usa tanbi e não BL se é o termo em uso no Japão? Parece uma explicação capenga, em todo o caso. Se o termo é usado é porque ele faz sentido, tem significado reconhecido, ou então as empresas não arriscariam a aborrecer as fãs ou não serem compreendidos?
Sabe o que eu acho? Há nos dias de hoje um interesse e até necessidade de levantar muros e barreiras, de construir identidades que ao mesmo tempo que excluem dão segurança a quem está dentro. Posso estar muito errada, mas a coisa no Japão deve se rmuito mais fluída do que nos parece aqui. E sempre a coisa vem de fãs – mangá-kas, professores de mangá, ou gente que trabalha academicamente com a coisa nunca vi falando – com um tom de “No Ocidente usam errado os termos”, mas a impressão que me vem às vezes é que interessa para alguns criar guetos, para dar um caráter hiper-especial ao que se gosta.
Em todo caso, posso estar absolutamente equivocada, por não acreditar em fronteiras claras, e a questão me inquieta realmente, já que tenho a pretensão de entender o funcionamento desse sistema e quem sabe estudá-lo. Como não tem graça falar sozinha, por isso mesmo, para uma visão do outro lado da discussão, é só clicar aqui. Está em inglês. Houve também uma discussão sobre a questão na lista Tomodachi no Shoujo. Basta procurar por "February 2007: XOXO" e "Shojo Manga Certification in Josei Jishin - BL x Shoujo". As mensagens da lista são abertas.
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