Finalmente os conservadores japoneses - que preferiam voltar a permitir o concubinato a deixar uma mulher reinar sem poderes - estão contentes. Nasceu um menino na família imperial japonesa depois de 40 anos. Engraçado é que o Japão já teve várias mulheres imperadoras. Antes que alguém pergunte, explico a lógica: embaixador = embaixadora; embaixatriz é esposa de embaixador, não quem desempenha o cargo, logo imperadora faz sentido lingüistica e historicamente. Voltando à imperadoras, apesar de podermos localizá-las incluive nos mitos, se reafirma a todo instante na mídia que a lei de 1948 se assenta na tradição de sempre e sempre no Arquipélago.
O jornal Bom Dia Brasil fez uma excelente cobertura do caso que me deixou muito feliz e espero que faça as pessoas refletirem. Com o nascimento do princepezinho, o Japão deixa de discutir o papel das mulheres, perde inclusive a chance de tentar minorar o seu maior problema, o demográfico. A ênfase no papel de reprodutora e dona de casa, coisa que nunca foi homogêneo antes da Revolução Meiji, faz com que muitas mulheres hoje optem pelo não casamento para manter a carreira, pois, casar, é ter que abrir mão de tudo quando se deseja ser uma "esposa ideal": de uma vida própria, de um lugar social duramente conseguido já que a luta começa cedo, para vencer a concorrência e o preconceito. Ótimo, tem morrido mais gente do que nascido no Japão. Acho difícil convencerem as mulheres a mudarem o rumo da coisa. As leis são desiguais, é pouco provável que se consiga torná-las ainda mais.
A cultura tradicional e até a de massa ainda insiste em reproduzir nas telas, quadrinhos e tudo mais angumas opções conservadoras, pegue o final de Hot Gimmick, por exemplo. Mesmo assim, ser esposa e mãe no Japão parece ser um peso grande demais. E agora se reafirma isso, com a chacrinha em torno do nascimento do "príncipe", que a meu ver foi arrancado antes do tempo do ventre materno propositalmente, e do rebaixamento da princesinha, uma mulher, afinal, que ia ser esposa de alguém, o que a desqualificaria como imperadora. Acredito que a esposa do príncipe herdeiro caia em outra depressão, isso se já se curou da outra, afinal, ela fez tudo direitinho, abriu mão de uma grande carreira - era diplomata, fala várias línguas, fez a Toudai e Harvard - por causa de um casamento de sonho, mas falhou, porque só consegiu produzir uma única menina. A BBC fez uma cobertura do caso em português, a matéria em inglês está masi completa, entretanto.
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