sábado, 1 de julho de 2006

O Poder dos Mangás


Mais uma matéria do Correio Braziliense sobre mangá, mais uma vez, sobre algum material da Conrad. logo, logo, deve aparecer alguma coisa sobre Princess Ai.

Quadrinhos - O poder dos mangás

Da Redação

Você pode gostar ou não dos mangás japoneses. Mas não pode, simplesmente, negar o poder que as HQs de olhinhos puxados exibem mundo afora. E foi para mostrar o fôlego e força dos quadrinhos made in Japão que o britânico Paul Gravett escreveu o livro Mangá – Como o Japão Reinventou os Quadrinhos, que acaba de chegar às livrarias da cidade. Editor da revista Escape, um dos ícones dos quadrinhos alternativos nos anos 1980, Gravett faz um relato minucioso de como a terra do Sol Nascente assimilou a recém-lançada arte de massa norte-americana – isso ainda nos anos 1940 – e a transformou num dos negócios mais rentáveis do planeta.

No livro, ele conta, com detalhes, como os quadrinhos invadiram o dominado território japonês no pós-guerra — a partir de revistinhas contrabandeadas dos Estados Unidos — e se tornaram, nos 60 anos seguintes, numa espetacular máquina de fazer dinheiro e encantar multidões. Os mangás formam, hoje, indústria que, sozinha, produz mais do que toda Europa. Inclusive, conseguiu a façanha de ultrapassar os norte-americanos em tiragem e inovação. No Japão, os mangás correspondem a 40% de tudo que é impresso. A principal revista nacional já vendeu seis milhões de exemplares por semana e, agora, mesmo após a recessão, chega a quatro milhões. O que é produzido pelas editoras japonesas em um ano equivale a vários anos de produção norte-americana e européia juntos.

A explicação para este fenômeno, diz Gravett, deve-se ao rigoroso código de moral estabelecido nos anos 1950, nos Estados Unidos, que censurava os conteúdos das revistas em quadrinhos. Enquanto as publicações americanas se tornaram cada vez mais infantis, no Japão, livre da censura, o mangá floresceu em inovação e criatividade. Com seus personagens de olhos gigantes, cabelos espetados e bocas e narizes delicados, o mangá faz parte da cultura japonesa, do mesmo jeito que as novelas estão no DNA dos brasileiros. Em março de 1970, centenas de pessoas lotaram as ruas em volta da editora Kodansha, editora do mangá Ashita no Joe (Joe do amanhã), para fazer o funeral do personagem Rikiishi, morto nos quadrinhos durante luta de boxe (anos antes do filme Rocky, com Stallone).

Personagens do mesmo mangá foram adotados por estudantes extremistas, grupos políticos e terroristas japoneses no fim da década de 1960. “Joe foi um ícone da rebelião do proletariado. Em 1968, ano em que apareceu pela primeira vez, seqüestradores do Exército Vermelho Japonês sabiam que todos compreenderiam sua motivação quando declararam: ‘Nós somos os Joes do Amanhã’, diz Gravett no livro.

MANGÁ – COMO O JAPÃO REINVENTOU OS QUADRINHOS
Edição histórica de Paul
Gravett. Editora Conrad.
184 páginas. R$ 67,50.

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