segunda-feira, 8 de maio de 2006

Japoneses Discutem a Censura


Por princípio, como todos que passam por aqui sabem, sou contra a censura. Uma obra, depois de produzida, não pode nem deve ser mutilada. Por exemplo, vai publicar um mangá? OK, mas nada de censurá-lo. É por isso, que acredito que editoras devam ter políticas claras a respeito dos materiais que produzem ou distribuem, afinal, nem todo filme, revista, obra de arte, deva ser exposto sem que se tenha em conta para quem se destina. Dito isso, vamos ao que interessa.
Eu já tinha ouvido falar da discussão sobre censura aos mangás no Japão, desencadeada, entre outras coisas, pelo aumento de crimes onde homens seqüestram, violentam e matam menininhas no Japão. O fato é que muitos deles são Lolileitores de mangás hentai, estilo lolicon. Para quem não sabe, lolicon vem de "lolita complex" e são os quadrinhos, games e desenhos animados que apresentam menininhas como objeto sexual. Rola de tudo e esse tipo de estética está cada vez mais presentes no material mainstream.
Pode ser a piadinha inocente como em Ouran Host Club, que debocha das manias dos fãs hardcore, ou pode ser a apologia à coisa, como a gente vê em muitos animes e mangás por aí. O lolicon já gerou até um subgênero, o toddlerkon. Em inglês, toddle é a criança em fraldas, que nem anda direito ainda. O correspondente com meninos é shotacon, e o yaoi apresenta muitas histórias do gênero.

Muitos desses materiais são produzidos por fãs, caem na rede e giram o mundo. Outros, são produzidos comercialmente e vendidos no Japão, para pessoas maiores de idade. Só que, muitas dessas coisas também caem na rede e giram o mundo. Em alguns países, importar mangás desse tipo pode dar cadeia, ou gerar um escândalo que manche a imagem dos mangás como um todo. Pensem nisso.
Sei que é uma posição pessoal, mas considero que as fantasias que um autor oushota autora coloca no papel diz muito sobre quem ele ou ela é. Dizer que materiais onde crianças - de papel - são bolinadas, sodomizadas e violentadas servem para "se divertir" e "aliviar a tensão", me fazem perguntar que desejos ocultos essas pessoas têm, e que falta de parâmetros morais - do que é certo ou errado - lhes faltam Fora que muitas dessas revistas vêm com brindes, como calcinhas no tamanho de meninas de cinco anos ou maiôs como os utilizados em escolas primárias japonesas. O que o sujeito vai fazer com o brinde? Preciso dizer?
Mas como disse, é posição pessoal, talvez de uma feminista que já tem idade para ser mãe, que trabalha com crianças e adolescentes todos os dias e acha que sexo e violência não combinam, ainda mais quando a coisa não é consensual, seja na ficção, seja na realidade. Pedofilia é crime, e no papel pode não ser crime, mas para mim é altamente condenável.
O resultado dos abusos - sim, considero isso como abuso - é que agora o governo pode começar a intervir na indústria de quadinhos. Ruim para todos, porque governo quando se mete nessas coisas, não corta somente "os males" (*entre aspas porque isso é sempre relativo*), mas aproveita para impôr suas opiniões e calar discordâncias. E o que eu tenho com isso? Pergunta alguém? Nada e tudo. Você lê mangá, certo? Eu, também, leio. Para quem interessar, eis o link com a matéria.

5 pessoas comentaram:

Pois é, concordo plenamente com você.

Eu não estou muito em condição de falar, já que o governo do Brasil num é lá essas coisas, mas o governo japonês é EXTREMAMENTE lerdo. -_-...

Uma pena que pedofilia seja muito mais 'aceito' no Japão que no Ocidente. Não há praticamente nenhuma lei sobre isso por lá..

Eu venho notado isso de uns tempos pra cá...
O nível da presença de lolicon e shotacon nas obras recentes está ficando cada vez maior. O que esses senhores (e moças também...) têm em mente? Ouvi dizer que o número de casos de pedófilos anda crescendo. Seria alguma influência dessas obras ou o inverso é o verdadeiro? Ou melhor, haveria uma ligação entre as duas coisas?
Como pode uma sociedade ser passiva para com esse tipo de coisa? E com o dedo do Governo, qual será o futuro do mangá?
Triste coisas assim, ne?

Penso que a coisa só tende a piorar. A indústria do "moe" só cresce. Eles fazem muita grana em cima de jovens rapazes influenciáveis e com dificuldade para se relacionar com mulheres de verdade. Dá para contar nos dedos os animes dessa temporada que não tenham uma loli sequer. Tem muitos fãs de anime bloggando só por causa das lolis. Ninguém está nem aí para história, animação. Eles só se importam com as meninas menores de idade e com cara de "abusáveis", o que eles comuflam com a palavra "moe". Muitos blogs fazem apologia à pedofilia na cara dura. Cansei de postar trechos de coisas inacreditáveis no blog antigo e já vi muita coisa que eu gostaria de nunca ter visto; coisas que me levam a pensar que os japoneses são um bando de pedófilos. Se o governo japonês resolvesse banir lolicon e shotacon? Eu seria uma que agradeceria!

Eu sou totalmente contra a censura. Acho que o governo deve agir apenas quando existe comprovadamente abuso de pessoas reais. E talvez seja mais interessante e produtivo realizar programas de educacão sexual durante toda a adolescência e acompanhamento psicológico periódico de adultos para resolver o problema dos estupradores. É melhor investir em saúde mental do que em censura, pois quando um material cultural torna-se "underground", a maioria das pessoas se silencia a respeito dos temas tabus, enquanto os doentes tomam para si a producão desse tipo de material.

Para mim, fantasiar que está sodomizando ou violentaando uma criança ou bebê já é sintoma de doença; publicar isso é leviandade; dar uma calcinha do tipo de menininha como brinde é estimular que o sujeito - adulto, é material para dulto, não adolescentes - se masturbe pensando na vizinha de seis anos, na sobrinha, na irmã ou na filha. Isso é tema tabu? Hoje é. Acredito que para o bem das crianças deve continuar banido. Investir em educação, a princípio, resolve outros problemas; compactuar com pedófilos ou sujeitos que vendem pedofilia de papel porque é rentável é, no mínimo, falta de ética.

As editoras no Japão poderiam resolver isso. Se tais produtos iriam ou não virar underground - muitos já são - aí já é outra história. O que não pode é a quantidade de material deste tipo estar aparecendo conectada à crimes reais e arranhar a imagem dos mangás e animes em geral. E isso lá no próprio Japão. Quando o governo japonês intervier, vai castrar a indústria como um todo. Imagina no que pode dar?

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