Mangás elevam receita de editoras nacionais
Cerca de 20 títulos devem chegar às bancas este ano, publicados por empresas que cresceram em vendas graças às histórias japonesas
QUADRINHOS
Ana Paula Lacerda
Se os gibis japoneses em preto e branco, com histórias que duravam vários volumes - os mangas, causaram estranheza quando surgiram nas bancas, hoje são motivo de comemoração para as editoras. Devem ser lançados no Brasil este ano cerca de 20 novos títulos, e as editoras que apostaram no setor dizem que o mercado é crescente. 'O Brasil segue uma tendência mundial', diz Lúcio Flávio Baúte, gerente de marketing da editora Panini. 'Os mangás crescem no mundo todo, porque há histórias para todos os públicos, e aqui não é diferente.'
A Panini pretende lançar este ano 6 títulos novos, além dos 5 que já publica. A editora também traz ao Brasil os quadrinhos Marvel e DC Comics, e Baúte diz que houve uma adaptação do mercado. 'Os quadrinhos americanos sofreram impacto. Antes que a queda acontecesse, investimos em mangás e também no que havia de melhor em comics.' A editora JBC, que em 2001 não figurava entre as 200 maiores editoras do País, hoje está entre as 15 com maior venda em bancas. A ascensão deveu-se totalmente aos mangás. 'Nossos quatro primeiros títulos vieram em 2001, e três deles possuíam também uma versão animada sendo exibida na tevê. Porém, o outro, que não tinha desenho, também vendeu bem e foi a certeza de que o mangá daria certo como produto', diz o editor Marcelo Del Greco.
De lá para cá, a JBC publicou 23 títulos - alguns com venda acima de 2 milhões de exemplares - e planeja lançar mais 12 este ano. O primeiro, Negima, já está nas bancas. O próximo, Love Hina Infinity, é um livro de referências sobre o mangá Love Hina, já publicado pela editora.
O mercado de quadrinhos no Japão é 17 vezes maior do que o mercado americano e 30 vezes maior do que europeu. 'No Brasil ainda há um longo caminho a ser percorrido', diz Rogério de Campos, sócio-diretor da editora Conrad. Ele acredita que os mangás ajudaram editoras a crescerem em todo o mundo. 'O mercado editorial passou por crises fortes, e quem investiu em mangás conseguiu se manter firme.' O diretor diz que a própria Conrad pôde lançar muitos títulos graças ao sucesso de Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco, títulos conhecidos que trouxe para o Brasil.
Hoje, a editora quer expandir seu catálogo para outros públicos. 'Um de nossos próximos títulos será O Gourmet, de Jiro Taniguchi. Trata de um homem que percorre os restaurantes de Tóquio.'
A LONGO PRAZO
Os leitores de mangás são exigentes. 'Eles querem um mangá de traços bonitos, história interessante, uma edição parecida com a original japonesa', diz o diretor-geral da JBC, Júlio Moreno. 'No começo, compravam de tudo, mas agora começa uma segmentação, como no Japão: há mangás para jovens, adultos, mulheres.' As editoras japonesas também são mais exigentes que as editoras americanas. 'Ao fechar um contrato, por exemplo temos de mandar todas as capas prontas, é um processo muito mais detalhado', diz Moreno. Detalhado, longo e caro: 'Chega a centenas de milhares de dólares', calcula. 'Alguns dos títulos que vamos lançar agora são negociados desde 2004.'
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