Eu decidi traduzir parte da entrevista de Liza Coppola, Vice-presidente de Mídia e Marketing da VIz. A entrevista completa está na página ICV que é especializada em quadrinhos e similares em geral. A entrevista é em quatro partes e eu peguei somente aquilo que se referia diretamente ao mercado de shoujo mangá e anime. Ela está on line em inglês (2 – 3 – 4). Minha tradução foi feita muito rapidinho, então pode conter imprecisões.
ICV: Você mencionou os seus títulos shoujo. Os mangás shoujo tem tido um bom desempenho aqui (*nos EUA*), mas os animes nem tanto. A 4Kids tem experimentado com animes shoujo para audiências mais jovens. Você percebe algum avanço nas oportunidades para produtos shoujo na tv, e mais além?
LC: Acho que vai ocorrer o mesmo que nós estamos vendo com a Shounen Jump. Os mangás estão muito populares, e então nós temos o anime. Será o mesmo para a Shoujo Beat. Nós vamos nos estabelecer através da revista, e depois dos livros (*deve se tratar dos volumes encadernados*), e eventualmente haverá uma linha Shoujo Beat anime também. Na verdade, o primeiro que vai sair com a marca Shoujo Beat é Kamikaze Girls.
Definitivamente, existe uma demanda, e ela somente requer um pouco mais de cuidado. Quando você olha todos os títulos de anime no mercado, muitos deles são predominantemente direcionados aos garotos, são títulos de ação. Inuyasha e muitas outras séries visam essa faixa demográfica. Shoujo será um pouco mais difícil, mas temos títulos realmente fortes. Nós também já temos o direito sobre essas séries assegurado. Por exemplo, Kamikaze Girls tem romance, o mangá está para sair, e nós temos o anime, assim, podemos lançar tudo coletivamente e transformar a série em um produto dos mais lucrativos. Eu acho que isso vai ajudar.
Meu comentário: A entrevistada não diz em nenhum momento porque os animes shoujo são “mais difíceis” de emplacar. Parece o mesmo raciocínio que impediu durante um certo tempo o shoujo mangá de se firmar nos EUA. Veja como a coisa tem fluído. Deixar os animes de lado me parece um erro tático. Outro problema é que ela trata títulos como InuYasha como direcionados aos garotos. Sim, eles são, mas transcendem a idéia de anime de ação e transcendem igualmente o nicho para o qual foram pensados. As garotas gostam de animes e mangás para garotos e ajudam a sustentá-los, o inverso também ocorre.
ICV: Você vê alguma abertura na televisão para o shoujo?
LC: Eu sei que já houve alguma exploração deste nicho; e não sei se alguém já se apercebeu de que isso ocorreu. Eu acredito que as redes de tv se sentem mais confortáveis com produtos direcionados aos garotos, e acredito que seja somente isso (*este preconceito*) do que qualquer coisa mais que esteja pesando. Mas eu não acho que eles estão percebendo que com o mangá existe uma forte parcela feminina de leitoras lá fora, e que existe muito potencial a ser aproveitado pelas tvs, mas acho que ninguém encontrou um título que seja 100% confortável (*Isso existe?*) que se sairia bem na televisão. Há oportunidades, mas elas não são na tv, elas estão em outros canais. Há uma discussão sobre o mercado de vídeos é um desses canais, mas pode haver outros caminhos como o “vídeo on demand” (*compra de episódios?*), nós temos o IPod saindo, todos são canais para esses produtos que não se encaixam na tv mainstream. Há a oportunidade de olhar para esses diferentes canais e, talvez, shoujo não seja bom para a Cartoon Network, ou Kids WB, ou Jetix, mas pode dar certo em outros espaços. Nós nos reunimos regularmente e discutimos onde está o mercado para esses produtos. Nós estamos conscientes do mercado de vídeo e estamos cada vez mais conscientes de como os animes se enquadram nele. Nós estamos debatendo sobre como ter certeza de estar ocupando bem esses diferentes canais e se deve ser através de parcerias com redes de tv ou quais outras formas usar para que nossos serviços apoareçam.
Comentários: Mesmo com o público feminino comprando quadrinhos, ainda se substima o seu potencial... a pirataria agradece.
ICV: Vamos falar sobre antologias. Você falou sobre como um produto aqui (*nos EUA*) deve primeiro ser exposto na Shoujo Beat, e depois como coleção de mangá, e então como anime. Vocês percebem o papel das suas antologias nos EUA, como similares aquelas do Japão, que servem para divulgar novas séries e tirar o melhor delas e depois publicar as coleções?
LC: Absolutamente. Nós estamos seguindo o modelo que é seguido no Japão. Nós estamos ampliando nossos horizontes e introduzindo este modelo primeiro através das antologias. Apenas nos dois anos que a Shounen Jump está em publicação, a base de leitores e a circulação são enormes. Ela está em uma série de canais nos quais os volumes encadernados não estão ainda. Está nas mercearias, nas lojas de conveniências, é um número muito maior de canais. E é uma grande chance para as pessoas experimentarem um pouco de cada uma das séries e decidir sobre quais delas deseja colecionar em formato livro. Nós estamos seguindo exatamente o modelo que temos no Japão.
ICV: É diferente aqui (*EUA*) onde qualquer coisa que está na Shounen Jump ou Shoujo Beat é destinado a se tornar coleção, enquanto no Japão algumas séries são testadas e nunca vão além das antologias?
LC: Nós estudamos caso por caso. Algumas coisas podem aparecer na revista e não serem lançados em formato livro, e outras podem sair direto como volumes colecionáveis. Quando lançamos a Shoujo Beat, nós lançamos ao mesmo tempo seis séries em formato graphic novel, assim, não é obrigatório passar antes pela revista. Nós preferimos que todas as séries passem antes pela revista, mas em alguns casos, a coisa é diferente, e deve ir direto para o formato livro.
Comentários: A pergunta é meio boba. O Japão é o produtor, os EUA são os consumidores. No Japão você vai ter sempre um grand enúmero de séries começando e sendo testadas, enquanto para a Shoujo Beat ou Shounen Jump americanas só irá aquilo que deu certo. Parece que nem o entrevistado compreende isso claramente, nem a entrevistada faz questão de esclarecer.
ICV: Como a resposta a Shoujo Beat tem sido se comparada a Shounen Jump?
LC: Tem sido um pouco diferente, pois uma tem mais tradição do que a outra. Shounen Jump tem saído por três anos enquanto a Shoujo Beat acabou de ser lançada no último verão, então, não é possível fazer comparações ainda. Mas nós obtivemos boa resposta nos eventos (Comic-com, Anime-Expo) e mesmo das livrarias. Dois anos atrás não havia tantas vendas dentro de toda categoria mangá. No último ano, eles (*os promotores dos eventos?*) pareceram compreender isso. “Nós sabemos o que é isso; nós entendemos o que é; nós amamos mangá; nossos garotos amam mangá.” E muitas pessoas vieram até nós e disseram, “Obrigada por lançaram uma versão no mercado para o público feminino.” Donos de livrarias disseram, “Nós amamos a Shounen Jump,” mas tínhamos alguns representantes de livrarias que vinham dizer, “Não precisamos de alguma coisa relacionada ao shoujo.” Nós também recebemos uma excelente resposta dos consumidores.
ICV: Tomado como um todo, como se dividem sexualmente os leitores dos mangás da VIZ?
LC: Eu acho que é muito similar ao de todo mundo: cerca de 60% feminina e 40% masculina. Mas é apenas por causa dos produtos. No Comic-Com nós tínhamos três gerações de fãs de InuYasha. Literalmente havia a garotinha de cinco anos, sua mãe e sua avó. Elas eram todos fãs de InuYasha e vinham vestidos como as personagens – elas pegavam personagens diferentes. Você tem três gerações de mulheres assistindo InuYasha. Então, tudo depende da série.
Comentários: InuYasha, assim como outros shounens têm grandes atrativos para o público masculino. A série não faz sucesso porque tem "ação", ela faz sucesso por uma série de fatores. E, sim, as mulheres são uma parcela importante. Como é que lá nos EUA eles ainda se melindram com essa história de anime? Parece piada, mas os americanos (*e os ocidentais em geral*) parecem não ter se acostumado com a idéia de que os 50% de público desprezado (*nós, mulheres*), pode dar lucro, quer consumir. Mas os japoneses sabem, e não nos deixam na mão!
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