quinta-feira, 12 de maio de 2005

Mulheres e o mercado de trabalho no Japão


A Inter Press Service News Agency disponibilizou um artigo intitulado "'Soft Power' On the Rise in Japan", falando das mudanças do mercado de trabalho japonês, em especial no que concerne à novas oportunidades para mulheres. Apesar de destacar que somente cerca de 10% dos cargos de comando nas grandes empresas são ocupados por mulheres e que a legislação japonesa ainda é muito desigual, a matéria destaca que algumas coisas têm mudado, e com vantagem para as mulheres. Além disso, é citado o espaço obtido pelas mulheres no mercado de quadrinhos, que antecede em muito o chamado "soft power" ou "flexibilização" que vem favorecendo as japonesas.

O trecho que fala sobre as mulheres e o mangá é o seguinte:

Um outro sinal do "soft power" no Japão é a emergência das mulheres artistas no popular campo do mangá, uma arte que combina composição de personagens em quadrinhos e contar histórias. A ascensão do mangá se deu nos anos 60 como uma mídia dirigida à crianças na escola primária. Durante os anos 70, conforme tanto os criadores de mangá quanto os leitores se tornaram mais exigentes e seus gostos mais refinados, o mangá se tornou mais popular entre estudantes mais velhos e adultos. Agora (o mangá) é veículo para histórias curtas e narrativas históricas, e se tornou um fenêmono global.

"Mangá é uma mídia que usa o formato livro muito bem," diz Machiko Satonaka, uma das mais importantes mangá-kas. Satonaka, que é diretora da Associação Japonesa de Quadrinistas, com mais que 420 mangá no currículo, a maioria escritos para garotas. Eles incluem uma longa série de mangás que mostram o mundo de Manyoshu, uma antologia de poesia japonesa publicada há mais de 3000 anos. De fato, Manyoshu deu à Satonaka a sua primeira inspiração. Destes poemas "Eu tirei inspiração para escrever meus próprios mangás," ela diz.

Satonaka defende que o grande número de leitoras que seu trabalho tem se deve a atenção que ela dá à psicologia feminina. No passado, ela diz, os artistas homens representavam as heroínas como "criaturas que era somente bonitas e sempre sorrindo, muito passivas". Suas heroínas, em contraposição, "pensam por elas mesmas sobre como querem viver" e são "independentes e têm suas próprias idéias".

De acordo com Satonaka, que escreve mangás há 42 anos, há cerca de 2000 artistas no Japão que reclamam o título de "especialistas em mangá". Ao contrátio de muitos outros campos, as mulheres gozam de "completa igualdade de oportunidade" no campo dos mangás. Como ela tem escrevido e desenhado por tanto tempo, diz Satonaka, muitas mulheres foram influenciadas por seu trabalho. Seus momentos mais gratificantes são quando jovens lhe dizem que "eles querem seguir a minha carreira. Este é o momento em que me sinto a pessoa mais feliz do mundo.".

Para quem não sabe, Machiko Satonaka é uma das poucas mulheres que faz sucesso como mangá-ka desde os anos 70. Ela debutou aos 16 anos, ganhou o Kodansha award para novos artistas, e faz sucesso desde então. Agora, sinto que muitas autoras não seguem o estilo de heroína que ela criou e cria até hoje. Basta pegar alguns mangás de Shijo Mayu, ou a Hatsumi de Hot Gimmick para ver que "meninas bonitinhas e passivas" ainda fazem sucesso. Infelizmente... :(

5 pessoas comentaram:

Eu não acho ruim elas serem passivas na relação com os caras, sofrerem por amor e tal. O que eu não gosto é o fato de elas serem sempre bobinhas e inocentes, sem ambição nenhuma. Porque eu não consigo me identificar :( Será que as moças japonesas conseguem? Ou será que elas fazem como eu, que lê Shinjo Mayu e Hot Gimmick só pra se divertir (e por causa dos bishies também, claro)? Eu não consigo levar essas histórias a sério de jeito nenhum.

Por isso que eu AMO a Sumire do Kimi wa Petto. A mulher é linda, cool, inteligente e engraçada. Go Sumire! :D

Bem, se elas são submissas e dispostas a fazer tudo pelo ser amado, elas não têm a possibilidade de terem objetivos na vida, afinal, o objetivo maior é agradá-los. Veja, que uma coisa se liga a outra. Aliás, esse é o diferencial da Sumire que de forma nenhuma é apresentada como a "japonesa padrão".

Que loucura isso, não? Pra nós ocidentais fica complicado se identificar com moças assim. Fica parecendo que estamos dando passos pra trás :/

Bem, como conheço gente que se enquadra direitinho nesse modelo, ou pensa dentro deste esquema, não fico surpresa, aliás, nem acho tão "coisa de oriental". Quando estava para me casar, por exemplo, minha avó me perguntou se meu marido ia me deixar trabalhar. Enfim, dei um sorriso e disse que não teria problema quanto a isso. Se fosse outra pessoa a perguntar, diria simplesmente que ele não seria consultado. E posso falar de gente mais jovem, tenho umas amigas que jogaram tudo para cima por causa do seu "princípe encantado". Nem preciso dizer que os sapos eram de aterrorizar...

Sapos? Hahahaha! Vc tem razão. Essas mulheres não estão muito longe de nós não. Agora que parei pra pensar lembrei de umas duas. Mas a grande maioria que conheço não é assim... ou pelo menos aparentam não ser...

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