sábado, 13 de dezembro de 2025

Documento revela como mulheres japonesas foram enganadas e levadas à prostituição no pós-guerra (Artigo Traduzido)

Ontem, o The Mainichi em inglês postou um artigo sobre novos documentos que provam que o governo japonês montou uma rede de bordéis para atender as tropas norte-americanas.  Em setembro, fiz um post sobre o mesmo assunto, só que na Coreia do Sul ("Mulheres do Conforto" sul-coreanas abrem processo judicial contra o exército americano pela primeira vez).  Neste post sobre a Coreia, coloquei todos os links para tudo o que eu já escrevi sobre as chamadas "mulheres do conforto".  Quem eram elas?  Meninas e mulheres recrutadas normalmente à força ou mediante fraude para servirem como escravas sexuais para as tropas japonesas.  O mediante fraude se aplica ao artigo do Mainichi, se aplica à Coreia, porque as mulheres eram atraídas para algum emprego, inclusive o da prostituição "normal", por assim dizer, e eram submetidas a trabalho compulsório, sofriam abuso físico e sexual, eram transferidas para outras áreas sob domínio nipônico sem que  pudessem consentir ou recusar.  A estrutura que existia durante a 2ª Guerra, e na Ásia ela começa em 1937, foi parcialmente mantida depois do fim do conflito para atender as tropas norte-americanas.

O artigo do The Mainichi é bem superficial, mas  acho que para a imprensa japonesa é  um avanço enorme.  No artigo,  há a fala de uma historiadora coreana e eu imagino, não tenho a informação, que mulheres coreanas que continuaram no Japão foram também recrutadas para esses bordeis japoneses.  A maioria, porém, eram moças desesperadas, famintas, algumas víúvas, com irmãos menores, filhos, pais idosos, acreditando que seriam garçonetes, arrumadeiras, lavadeiras etc., mas que terminaram descobrindo que seus serviços seriam outros e não podiam desistir, porque não tinham recursos ou para onde voltar.  Simples assim.  Fora, claro, e isso o artigo não explora, as que foram "vendidas" por suas próprias famílias, porque a prática existia no Japão, na Coreia do Sul, na China etc.  Por isso mesmo, eu sempre gosto de ressaltar que há  muita gente que não quer falar do assunto, inclusive nos países que foram vítimas dos japoneses, porque se remexer direitinho, a coisa vai feder e muito.  Falando nisso, uma estátua em memória das mulheres do conforto que estava em Berlim (Alemanha) foi retirada por pressão japonesa.  O vídeo está depois do artigo traduzido.  E vai sair um mangá sobre duas moças prostituídas que acabaram se casando com norte-americanos, eu falei sobre  ele: Senjou no Hito: Mangá sensível sobre duas noivas de guerra será lançado nos EUA.  Acho que vai virar filme e acabar saindo por aqui.

Esta foto de arquivo mostra tropas de ocupação aliadas em um cabaré no distrito de Ginza, em Tóquio, em novembro de 1945. (Kyodo) 

Documento revela como mulheres japonesas foram enganadas e levadas à prostituição no pós-guerra.

NIIGATA (Kyodo) -- Bordéis estabelecidos na província de Niigata para as forças de ocupação aliadas imediatamente após a rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial enganaram as mulheres recrutadas, ocultando a natureza do trabalho, segundo um documento oficial descoberto recentemente.

Especialistas afirmam que o registro demonstra a atitude subserviente do Japão, simbolizada pela disposição em oferecer mulheres locais para garantir a satisfação dos ocupantes.

O documento, compilado por uma delegacia de polícia na extinta cidade de Tsugawa, entre os anos fiscais de 1945 e 1946, está preservado no Arquivo da Província de Niigata.

Ele oferece um raro vislumbre do caos inicial do pós-guerra, quando as autoridades locais se esforçavam para atender às demandas das tropas de ocupação e às diretrizes do governo central japonês.

Em 18 de agosto de 1945 — apenas três dias após a rendição do Japão — o então Ministério do Interior emitiu um comunicado nacional convocando o estabelecimento de "postos de conforto" para atender às forças de ocupação aliadas.

De acordo com os registros históricos do Departamento de Políticas da Prefeitura de Niigata, 151 dessas instalações foram estabelecidas somente na Prefeitura de Niigata.

Um relatório baseado em instruções telefônicas do chefe de polícia da prefeitura para o chefe da delegacia de polícia de Tsugawa revela os esforços urgentes dos bordéis para recrutar mulheres de conforto.

O relatório também registra o pedido do governo central para que a polícia reprimisse anúncios de jornal provocativos destinados a atrair recrutas. Os oficiais foram instruídos a lidar com agentes que exagerassem o apelo do trabalho ou ocultassem a verdadeira natureza e localização dos empregos oferecidos.

"Os agentes tentavam atrair mulheres pobres prometendo roupas de boa qualidade, comida e moradia em várias regiões, incluindo Niigata", disse Hideaki Shibata, autor de "Violência Sexual na Era da Ocupação". "Na realidade, o trabalho nesses bordéis era praticamente obrigatório para mulheres que não tinham outros meios de sobrevivência."

Shibata acrescentou que era duvidoso que as ordens do governo para reprimir essas práticas de recrutamento fossem cumpridas de forma eficaz. "A polícia era responsável tanto pela emissão de alvarás de funcionamento para os bordéis quanto pela sua supervisão", observou ele, o que gerava um conflito de interesses inerente.

Um relatório enviado pelo governador de Niigata ao ministério detalhou a estrutura oficial de preços: 20 ienes por programa, 30 ienes por até uma hora e 200 ienes para pernoite. Para contextualizar, na época, o salário mensal de um funcionário público era de apenas algumas centenas de ienes.

Embora os postos de conforto fossem oficialmente concebidos para "manter a ordem moral e prevenir incidentes lamentáveis", o relatório do governador observou que vários acidentes e problemas estavam aumentando porque "as tropas de ocupação tendiam a se tornar indisciplinadas e arrogantes".

"Como as taxas eram claramente definidas para oficiais, é provável que soldados de baixa patente, sem condições de arcar com visitas frequentes, recorressem à violência sexual", disse Song Yon Ok, diretora do Centro Cultural Arirang, uma instituição cultural coreana no bairro de Shinjuku, em Tóquio.

Song, que estuda história de gênero, afirmou que o sistema refletia tanto o desespero quanto o oportunismo dentro da burocracia japonesa do pós-guerra.

O documento de Niigata também registra que oficiais das forças de ocupação frequentemente se mostravam "satisfeitos" após serem entretidos em restaurantes japoneses ou por gueixas.

"Dada a experiência adquirida durante a guerra na administração dos postos de conforto para os militares japoneses, os burocratas provavelmente acreditavam que poderiam apaziguar as forças de ocupação por meio de entretenimento sexual", explicou Song. "Isso reflete claramente a mentalidade dos burocratas japoneses." (Por Mahya Ishiguro)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Lista dos Mangás Femininos mais Vendidos de 2025 do site eBook Japan


Uma colega que mora no Japão postou no Facebook o link para a lista dos livros mais vendidos do site eBook Japan entre 1º de janeiro e 5 de dezembro de 2025.  O que salta aos olhos é Diários de uma Apotecária em primeiro lugar, porque os livros saem em um sele seinen, os mangás saem em revistas seinen (*são dois*), mas é evidentemente um título apreciado pelo público feminino.  Deveria estar aqui?  Não, mas se estivesse na lista com os shounen e seinen, tiraria alguém que precisa aparecer no ranking.  É muito irritante, porque evidentemente essa série sai como seinen para ter mais visibilidade, isso garante o anime de grande  qualidade da série, por exemplo.  


É muito mais raro que um mangá shoujo ou josei consiga romper a bolha e chegar ao público masculino, porque eles não costumam comprar as antologias femininas ou visitar as plataformas que publicam material para as mulheres.  O contrário, no entanto, é mais que comum.  Mulheres consomem shounen e seinen.  Ainda assim, repito, Diários de uma Apotecária não deveria estar aqui.

1. Kusuriya no Hitorigoto (薬屋のひとりごと)/Diários de uma Apotecária - seinen
2. Kizumono no Hanayome (傷モノの花嫁) - shoujo
3. Shi ni Modori no Mahou Gakkou Seikatsu wo, Moto Koibito to Prologue Kara (※Tadashi, Koukando wa Zero) - shoujo
4. Haru no Arashi to Monster (春の嵐とモンスター) - shoujo
5. Doctor Elise: The Royal Lady With the Lamp (外科医エリーゼ)- sunjeon manhwa
6. Akuyaku Reijou no Naka no Hito ~Danzai sareta Tenseisha no Tame Usotsuki Heroine ni Fukushuu Itashimasu~ (悪役令嬢の中の人〜断罪された転生者のため嘘つきヒロインに復讐いたします〜)- josei
7. Kanpeki Sugite Kawaige ga Nai to Kon'yaku Haki Sareta Seijo wa Ringoku ni Urareru (完璧すぎて可愛げがないと婚約破棄された聖女は隣国に売られる(ガルドコミックス)- shoujo
8. Saigo ni Hitotsu dake Onegai Shite mo Yoroshii Deshou ka (最後にひとつだけお願いしてもよろしいでしょうか)/May I Ask for a Final Thing - shoujo
9. Matsurika Kanriden ~Koukyuu Nyokan, Kimagure Koutei ni Misomerare~ (茉莉花官吏伝〜後宮女官、気まぐれ皇帝に見初められ〜)- shoujo
10. Hotaru no Yomeiri (ホタルの嫁入り/Firefly Wedding - shoujo


Mais ou menos metade dos títulos é derivada de novel, os outros nasceram como mangá.  Abaixo, um trecho lá da matéria do Yahoo, depois, eu retorno: 

"Na categoria de mangá feminino, Diários de uma Apotecária, baseado no romance de entretenimento extremamente popular de Natsu Hinata sobre a resolução do mistério do harém, conquistou o primeiro lugar. Esta é a terceira vez consecutiva que o mangá ocupa o primeiro lugar, seguindo os passos de 2023 e 2024. A terceira temporada do anime também foi anunciada, e uma adaptação para filme também foi confirmada. É uma obra que provavelmente ganhará ainda mais impulso.

Em segundo lugar está Kizumono no Hanayome, uma história de Cinderela sobre uma garota que foi sequestrada por espíritos ayakashi quando criança e sofria bullying por ser "a cicatrizada", mas cuja vida muda drasticamente após o casamento.

Em terceiro lugar está Shi ni Modori no Mahou Gakkou Seikatsu wo, Moto Koibito to Prologue Kara, baseado em uma web novel extremamente popular. Conta a história de uma garota que morre misteriosamente com seu amado, mas retorna à sua versão de 7 anos de idade, ainda conservando suas memórias de antes de sua morte."

O segundo lugar, Kizumono no Hanayome, começou a ser publicado por um selo shounen, mas era evidentemente shoujo, depois que a Kodansha criou a revista Artemis, ele foi movido para lá e passou a ser reconhecidamente shoujo.  Deve ter anime em breve, é certeza.  Podem anotar.

Já Shi ni Modori no Mahou Gakkou Seikatsu wo, Moto Koibito to Prologue Kara, que poderia ter um nome menor, é uma história interessante, que vem de novel, na qual a mocinha parece estar em um loop, ela reencarna e tenta salvar o namorado, que não lembra dela, nem de sua outra vida.  Só que, conforme a história avança, descobrimos que ele morreu tentando impedir que ela morresse, porque ele é que tinha reencarnado na vida passada da mocinha.  Confuso?  Eles meio que estão se alternando e tentando quebrar uma maldição ou algo assim, porque ainda não descobri, para finalmente pararem de morrer e poderem ficar juntos.  É uma série muito boa, salvo pela escola que parece uma versão de Hogwarts.  Vai ter anime em breve, também.  Podem anotar de novo.  As duas ilustrações são comemorativas dos 20 anos do site/plataforma Comics C-Moa.  

Como eu desconfiei que essa lista pudesse ser mais longa, fui atrás e consegui encontrar.  São vinte títulos no total. Não Chame de Mistério, publicado pela JBC, está em 20º lugar.  Segue a  lista: 

11. Shujinkou Nikki (主人恋日記) - shoujo
12. Ohitorisama ni wa Naremashita node.: Kon'yakusha Houchi-chuu! (おひとり様には慣れましたので。 婚約者放置中!) - shoujo
13. Tefuda ga Oume no Victoria (手札が多めのビクトリア) - shoujo
14. Akujiki Reijou to Kyouketsu Koushaku ~Sono Mamono, Watashi ga Oishiku Itadakimasu!~ (悪食令嬢と狂血公爵 ~その魔物、私が美味しくいただきます!~)/Pass the Monster Meat, My Lady! - shoujo
15. Shi ni Modori no Sachiusu Reijou, Konse de wa Saikyou Last Boss Ogikei-sama ni Dekiaisaretemasu (死に戻りの幸薄令嬢、今世では最恐ラスボスお義兄様に溺愛されてます) - shoujo
16. Kujaku no Dance, Dare ga Mita? (クジャクのダンス、誰が見た?) - josei
17. Danzai Sareta Akuyaku Reijou wa, Gyakkou Shite Kanpeki na Akujo o Mezasu @COMIC (断罪された悪役令嬢は、逆行して完璧な悪女を目指す@COMIC) - shoujo
18. Einen Koyou wa Kanou deshou ka (永年雇用は可能でしょうか) - seinen 
19. Outaishi-sama, Watashi Kondo Koso Anata ni Korosaretakunain desu! 
Seijo ni Hamerareta Binbou Reijou, Nidome wa Kushizashi Kaihishimasu! (王太子様、私今度こそあなたに殺されたくないんです! ~聖女に嵌められた貧乏令嬢、二度目は串刺し回避します!~) - shounen? shoujo? 
20. Mystery to Iunakare (ミステリと言う勿れ)/Não Chame de Mistério - josei

Duas coisas agora: Einen Koyou wa Kanou deshou ka é um mangá seinen, ele é publicado no site da revista Morning Two, em papel e on-line.  Foi o 9º colocado entre os mangás seinen da Kodansha em 2024.  Só que ele está, ou esteve, na revista digital  Isekai Heroine Fantasy, voltada para o público feminino.   E isso está escrito na página da revista ou plataforma.  Já Outaishi-sama, Watashi Kondo Koso Anata ni Korosaretakunain desu! é publicado na plataforma Palcy, que é para shoujo/josei, está na Isekai Heroine Fantasy, mas está listado como shounen no site da Shounen Sirius.  Provavelmente, irá para a Artemis ou já foi.  De qualquer forma, é outro caso complicado.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

A BBC busca atualizar Jane Austen para a geração TikTok. (artigo traduzido)

Hoje, apareceram as primeiras imagens da série The Other Bennet Sister, baseada em um romance de mesmo nome de Janice Hadlow, centrada em Mary Bennet, a irmã sem graça, pedante e moralista da protagonista de Orgulho & Preconceito.  Mary, porque este é seu nome, chega a ser eliminada de algumas adaptações.  Eu torço para que a série seja boa e, como eu antecipei no último Shoujocast, ela só estreia no ano que vem.  Deveriam ter lançado este ano, mas devem estar contando o aniversário de 250 anos de nascimento de Jane Austen a partir do dia 16 de dezembro próximo.

Procurando mais informações, tropecei nesse artigo do The Times.  Achei que valia a pena traduzir.  Como costumo fazer, mantive a estrutura do original, com as mesmas imagens.  Há outras fotos já circulando.  Agora, essa ideia de "para a geração TikTok", por isso os episódios mais curtos, me assusta um pouco e as opiniões da produtora, Jane Tranter, me fizeram virar os olhos, porque qual seria a graça de ver uma série de época ou um drama histórico descaracterizado?  Enfim, tudo em nome da audiência, ao que parece... Segue o artigo, para o original, é só clicar aqui.


A BBC busca atualizar Jane Austen para a geração TikTok.

A adaptação inspirada na obra da autora será exibida em dez episódios de meia hora, em um esforço para conter o declínio de popularidade entre os jovens adultos.

Alex Farber, Correspondente de Mídia

Atrizes da nova adaptação da BBC de "The Other Bennet Sister", incluindo Ella Bruccoleri como Mary Bennet, ao centro.

"Se um livro é bem escrito, sempre o acho curto demais”, escreveu Jane Austen certa vez.

Não se sabe ao certo o que ela teria achado da decisão da BBC de programar a mais recente adaptação dramática inspirada em sua obra em dez episódios de meia hora, em vez dos tradicionais episódios de 60 minutos.

Os produtores apelidaram The Other Bennet Sister de “Jane Austen para a geração TikTok”, antes de seu lançamento na primavera do próximo ano, em homenagem ao 250º aniversário do nascimento de Austen, em 16 de dezembro.

Eles esperam capitalizar sobre as 140 mil publicações sobre a autora na plataforma de mídia social, impulsionadas pela popularidade do drama de época da Netflix, Bridgerton.

Bruccoleri estrela na história da irmã do meio sem graça em Orgulho e Preconceito.

Embora a série não seja tão escandalosa quanto a releitura "agressivamente provocativa" de Emerald Fennell para "O Morro dos Ventos Uivantes", de Emily Brontë, os executivos ambicionam explorar o crescente interesse por Austen entre o público mais jovem.

A BBC está tentando conter o declínio de popularidade entre os jovens adultos. Aqueles com idades entre 16 e 34 anos passaram uma média de 46 minutos por dia consumindo conteúdo da BBC no ano passado, contra 75 minutos em 2017.

Wayne Garvie, presidente da Sony Pictures Television, proprietária da produtora Bad Wolf, responsável pela série, disse que, embora a leitura esteja em declínio, as histórias de Austen continuam relevantes.

Bruccoleri contracena com Laurie Davidson, que interpreta o Sr. Ryder.

“Séries de sucesso em streaming como Bridgerton são inspiradas no mundo de Austen, serviços digitais como o BookTok estão repletos de referências a Austen. Duzentos anos depois, as lutas emocionais dos personagens parecem surpreendentemente modernas e o ambiente, estranhamente inspirador”, acrescentou.

“O formato de meia hora é mais comum para comédia e The Other Bennet Sister é definitivamente uma experiência divertida que o público pode consumir em pequenas partes ou maratonar — perfeita para um público mais jovem. Mas é isso que imaginamos como o início de uma maneira diferente de abordar o cânone de Austen, trazendo as histórias de personagens secundários para o primeiro plano e criando novos contos para uma nova geração de amantes de Austen.”

A Outra Irmã Bennet é baseada no romance de Janice Hadlow de 2020 e reimagina a história de Mary Bennet, a irmã do meio negligenciada de Orgulho e Preconceito, de Jane Austen, após sua mudança para Londres em busca de amor e autoaceitação.

Richard E Grant e Ruth Jones interpretam o Sr. e a Srª. Bennet.

A série é estrelada por Ella Bruccoleri, cujos trabalhos incluem Bridgerton e Call The Midwife, como Mary, ao lado de Richard E Grant e Ruth Jones como Sr. e Sra. Bennet. A adaptação é de Sarah Quintrell, que disse que sua criação no sul de Londres foi muito diferente dos anos de formação de Austen em uma casa paroquial em Hampshire.

“Nossa história se passa em um mundo familiar e muito amado, mas estamos abordando-a de um ângulo completamente novo”, disse Quintrell. “Quando criança, crescendo em Croydon, meu mundo não poderia ser mais diferente do de Jane Austen. Mas há uma universalidade em sua obra que transcende gerações e classes sociais, e mal podemos esperar para apresentar a família Bennet a um novo público.”

Jane Tranter, a produtora, quer modernizar o drama de época.
MATT WINKELMEYER/GETTY IMAGES

Jane Tranter, cofundadora da produtora Bad Wolf, também responsável pelos dramas da BBC Dr. Who e Industry, afirmou que os dramas de época precisam começar a quebrar convenções, incluindo a de que os atores "começam a falar de forma afetada" quando vestem trajes de época e que todos os figurantes andam muito devagar.

“Nem todo mundo falava com elegância naquela época”, disse ela ao Hay Festival em maio. “Você precisa tentar fazer com que os atores pensem além do fato de estarem usando trajes de época.”

Ela disse que os dramas de época precisam parar de “fetichizar” a era em que o material original se passa, acrescentando que havia “flexibilizado as regras” em relação aos penteados e chapéus da Regência.

“Se você pentear o cabelo exatamente como nas pinturas a óleo, ou colocar os chapéus, o público não conseguirá tirar os olhos desses cachos estranhos ou chapéus esquisitos. É preciso saber quais são as regras e então analisar onde as quebramos para construir uma ponte ou oferecer uma recepção calorosa ao público moderno”, disse ela.

“Porque se você fizer uma reprodução fiel, combinando tudo, ‘Aqui estão os botões exatos, aqui estão as calcinhas exatas que você está usando por baixo do vestido’, isso se torna uma abordagem tão fetichista que cria uma barreira entre o público e o que está acontecendo.”


Campanha do Casamento Igualitário tem um revés no Japão, mas a luta continua

Vou começar reproduzindo um parágrafo do meu post de março deste ano, quando o tribunal superior de Osaka reconheceu que a não existência do casamento igualitário vai contra a constituição japonesa: "No Japão, não há reconhecimento por parte do governo federal do casamento igualitário.  Como o ordenamento jurídico lá é diferente do nosso, as prefeituras e governos regionais podem conceder direitos e mesmo reconhecer os casamentos de pessoas do mesmo sexo, mas a constituição não reconhece.  Dito isso, a coisa pode ser judicializada e ir parar em uma corte federal e o cônjuge não ter seus direitos respeitados.  Uma das críticas da Anistia Internacional  é que esses acordos não asseguram oferecendo alguns direitos, mas estes não dão direitos como herança, visitas hospitalares ou reconhecimento parental."

Esses reconhecimentos municipais ou regionais, no entanto, não são suficientes, pois, como explica o Unseen Japan: "(...) os sistemas de união estável não podem garantir direitos abrangidos pelo governo nacional, como direitos de herança. Eles também estão vinculados ao município de residência atual, o que significa que os casais podem perder o reconhecimento da união se precisarem se mudar (por exemplo, por motivo de transferência de emprego)."

Muito bem, o movimento Marriage For All vem conseguindo avançar no Japão utilizando-se da seguinte estratégia, conseguir que as cortes supremas das províncias reconheçam que todos são iguais diante da lei e que, por isso, negar aos LGBTQIAPN+ o direito de se casar e gozar dos mesmos direitos das pessoas cis hetero seria inconstitucional.  Sendo assim, onze cortes supremas regionais reconheceram total ou parcialmente este princípio.

Depois de uma série de vitórias,  no entanto, no dia 28 de novembro, o Supremo Tribunal de Tokyo reconheceu que a identidade de gênero e a orientação sexual como características pessoais importantes que devem ser levadas em consideração em questões legais, porém, não apontou inconstitucionalidade na negativa do governo federal em reconhecer os casamentos de pessoas LGBTQIAPN+, bastando, na visão do tribunal, que se conceda a união estável, algo que já existe em Tokyo.  Os militantes e advogados demonstraram sua insatisfação, pois a decisão do tribunal negaria um princípio de igualdade que está na constituição do país.  

Shinya Yamagata, ao centro, um dos autores de uma ação judicial que contesta a proibição do casamento entre pessoas do mesmo sexo no Japão, e seus advogados realizam uma coletiva de imprensa em Tóquio, em 11 de dezembro de 2025, após apresentarem um recurso ao Supremo Tribunal. (Kyodo)

Pela decisão do Tribunal Superior de Tokyo: "(...) o sistema de casamento atual é útil para preparar um ambiente para a criação dos filhos e que é razoável interpretar "marido e mulher" como um homem e uma mulher.  O tribunal também afirmou que a liberdade de casamento garantida pelo Artigo 24 da Constituição não se aplica a casais do mesmo sexo."  Esse trecho veio da matéria do Mainichi Shinbum relatando que o grupo entrou com um recurso no tribunal com o objetivo de reverter a decisão de 28 de novembro, a primeira derrota da campanha em um tribunal superior até o momento.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Shoujocast no Ar! Hagio Moto em Janeiro, Dublagens em IA, Netflix X Paramount, Jane Austen etc.


Mais um Shoujocast!  E ele terá vários assuntos, porque vou comentar algumas notícias, a chegada de Hagio Moto em janeiro e a sangrenta campanha de erradicação da violência contra as mulheres.  Essa última parte é pesada, mas a minutagem está no YouTube para que ninguém precise sofrer desnecessariamente.  Eu falei sobre muita coisa mesmo e, hoje, é dia dos Direitos Humanos e final da campanha da Erradicação da Violência contra as Mulheres.


E, só para lembrar, hoje é o Dia dos Direitos Humanos.  A escolha é por um motivo simples: mulheres são tratadas como menos que humanas em muitos momentos e aspectos, porque são consideradas mais uma propriedade, por isso tantos feminicídios do que gente de verdade.


E foram muitos feminicídios, muitos, mais do que em qualquer outro período da campanha que eu tenha acompanhado.  E alguns que nem estão nesse post emergiram mais tarde, como o da mulher que  o pai de seus três filhos matou esmagando seu crânio com uma pedra, ou outra, também mãe de três filhos, morta a facadas pelo ex dentro de casa, ou o de outra que foi espancada e atirada do 10º andar pelo companheiro.  Ele foi chorar em seu enterro fingindo que não tinha nada a ver com isso.  E um caso que me chocou tremendamente, o da moça trans de 18 anos estrangulada por um motorista de aplicativo de 19 anos.  Ele levou o cadáver até a delegacia, confessou o crime (*tinha medo que ela falasse que ele andava com mulheres trans*) e saiu livre.  LIVRE como se nada tivesse feito.  Há uma guerra contra as mulheres, além do descaso.  Peguem qualquer notícia sobre violência contra NÓS e sobre medidas de reação, ou atos e contem as risadinhas, ou olhem os comentários.  Estamos TODAS em perigo.